Duendes-garis da Xuxa

Jessé Souza*

Chegar à Serra do Tepequém, no Município de Amajari, Norte do Estado, logo depois de enfrentar aquela curva íngreme e sinuosa, requer uma parada para tirar foto e observar a beleza que é aquele lugar, mediante uma visão panorâmica e espetacular da natureza. Quem vai em um carro pequeno precisa parar mesmo a fim de descansar o motor forçado pela lei da gravidade.   

Ali, naquele local de parada obrigatória, existe uma pequena lixeira onde as pessoas acabam lançando seus resíduos, como latas, plásticos e garrafas. Como não há um serviço público que recolha o que for depositado ali, o recipiente logo enche e o lixo inevitavelmente vai parar no chão. 
O trânsito de gente por ali é intenso, todos em busca das cachoeiras ou de uma subida ao platô. Mas, infelizmente, boa parte dessas pessoas não vai com consciência de turista ou de reciprocidade com o meio ambiente. Muitos vão apenas para aproveitar o que tem de bom, sem se preocupar em dar sua parcela de contribuição para manter a exuberância do lugar e a saúde do meio ambiente.

O mínimo que uma pessoa consciente de seu papel como cidadã (nem estou me referindo a preservacionismo) pode fazer é recolher seu lixo produzido e levá-lo de volta para depositá-lo em um local onde o poder público possa recolhê-lo. É regra de convivência básica não deixar para trás seu lixo e seus resíduos.

Também não adianta acondicioná-lo em uma sacola plástica para pendurá-la em uma árvore, como se duendes-garis da Xuxa fossem sair de seus buracos encantados para recolhê-los e dar fim como numa passe de mágica, que nem ETs fazem com seus experimentos extraterrenos.

Não há cabimento uma pessoa que se aventure em lugares turísticos deixar sua trilha de sujeira, principalmente em uma Era na qual a natureza vem dando fortes sinais de que não suporta mais as agressões. Não se pode conceber que alguém bem informado pratique atitudes irresponsáveis não só em lugares turísticos, mas em qualquer ambiente público e de convivência social.

Embora o poder público seja deficiente em suas ações, é responsabilidade também do cidadão contribuir para o bem-estar coletivo e para a preservação do meio ambiente. Principalmente se esta pessoa é habituada a usufruir os potenciais da natureza.

Se as escolas e os pais não estiverem preocupados com isso, dificilmente poderemos reverter essa ignorância que insiste em se enraizar na sociedade. E se o poder público não agir para coibir (já que muitos mostram que não querem ser conscientizados) e criar políticas públicas, em pouco espaço de tempo mais belezas naturais e potenciais turísticos poderão desaparecer, assim como morreram os igarapés Mirandinha, Pricumã e Grande, assim como está morrendo o Lago dos Americanos, no Parque Anauá.     

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

*Jornalista
jesseroraima@hotmail.com
    99121-1460

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