O Brasil no lombo

Jessé Souza* Quando o Brasil ainda buscava seu caminho, surgiu um movimento massivo que pregava a existência de uma “democracia” racial, em que todas as pessoas, independente de cor e raça, conviveriam harmoniosamente nesse imenso país continental. Era isso o que diziam os livros de História e de Educação Moral e Cívica na década de 70. Índios e negros apareciam nos livros como apenas colaboradores na arte, na culinária, na dança e, no máximo, no esporte. E nunca diziam que o Brasil foi construído no lombo dessas populações, escravizadas por séculos. Também não se dizia que o sangue, suor e lágrimas dessas populações lavavam a bandeira da “democracia racial”, democracia esta que funcionava desde que índios e negros, com seus respectivos descendentes, não reivindicassem direitos, ou se rebelassem contra os senhores da senzala, ou não questionassem o sistema. Então, o Brasil avançou na democracia, as escolas passaram a tratar os temas com consciência crítica e os negro...