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Mostrando postagens de janeiro 26, 2016

Resquício do picuá

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Jessé Souza*   Na década de 80, Boa Vista parecia um filme de faroeste caboclo, muito mais realista do que o cantado pela banda Legião Urbana, que acabou virando filme. Tempo do El Dorado, o comércio boa-vistense era obrigado a ter uma balança de precisão para receber o pagamento das mercadorias em ouro. Os preços eram estratosféricos porque a moeda que tinha valor era apenas o ouro. Ostentação era ter uma garrafinha de plástico pendurada na cintura cheia de pó de ouro. Essa garrafinha era chamada de picuá. Quem chegava com um picuá na cintura era reverenciado. E quem não tinha uma balança de precisão perdia o cliente. Obviamente que, enquanto o comércio faturava alto, dando-se ao luxo de dispensar um cliente com dinheiro na mão (a não ser que fosse dinheiro em mochila de um garimpeiro), a periferia ficava com o ônus da carestia e da violência que fatalmente chega com o garimpo predatório. Havia garimpeiro que pedia para tomar cerveja na calçada do bar para que ele pudesse est