Na base do ‘te vira’

Jessé Souza*

Não é novidade o atendimento ruim no comércio boa-vistense. A chegada da concorrência, por enquanto, ainda não foi capaz de proporcionar uma melhoria no serviço para receber e atender o público. Até porque o serviço nos shoppings é daqueles no balcão ou do que deixa o cliente com uma máquina de leitura de código de barra na base do “te vira”.

Em alguns casos, nem mesmo uma simples informação as atendentes de shopping querer fornecer, não sei se por orientação de seus chefes ou porque elas acham que, nesse “self” de compra dos shoppings, as atendentes devem agir como máquinas programadas e sem nenhuma emoção diante do cliente.

Nesses últimos meses, tenho percebido outro comportamento de alguns vendedores: o de mostrar que sabem muito sobre um produto sem saber realmente, passando a inventar mentiras que podem colar muito bem para um leigo, mas nunca para quem realmente conhece aquele serviço ou produto por força da profissão, por exemplo.

Mas, no geral, o campeão dos problemas é o descaso com o consumidor, como se a pessoa que está vendendo tivesse fazendo um favor ou o vendedor estivesse ali contando as horas para sair ou torcendo para o cliente ir logo embora para que ele continue não fazendo nada, escorado em alguma mercadoria no mostruário ou vendo o celular.

Muitas vezes, até prefiro que o atendente não apareça mesmo, para que ele não tenha que agir com desleixo, desinformação ou má vontade. Não existe pior coisa na hora de comprar do que a má vontade do vendedor, que fica emburrado com o primeiro questionamento ou se mostra distante dos anseios do consumidor, largando-o à desinformação.

O inverso também ocorre, ou seja, o consumidor ser agressivo com o atendente, achando que ele está ali obrigado a suportar seus destemperos. Porém, um atendente precisa estar treinado para saber lidar com isso, pois o que vejo é que existem muitos vendedores que estão ali “armados”, como se já estivessem esperando “mais um chato” entrar na loja.

Não sou expert em atendimento nem pretendo dar lições ou conselhos ao mercado e seus agentes. Trato o assunto como um consumidor que também quer ver o Estado crescer junto com o comércio de uma forma geral. Afinal, as transformações estão se processando de forma muito rápida, nesses últimos anos, porém não se vê o setor de atendimento ao público acompanhar a evolução.

Roraima está engatinhando, pois há menos de um ano sequer tínhamos shoppings, e o número de franquias podia-se contar em uma palma da mão. Hoje temos dois shoppings, várias franquias e inúmeros empreendimentos se instalando.

Isso requer mão de obra qualificada, ou seja, trabalhadores com a obrigação de alargar seus horizontes profissionais. Senão, daqui a pouco, pessoas de fora irão chegar para ocupar a lacuna deixada por nossas acomodações ou incompetência. E consumidor não consuma perdoar em um mercado competitivo.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

*Jornalista
jesseroraima@hotmail.com

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