De boa


Surgiu nas redes sociais o “deboísmo”, um neologismo considerado uma corrente filosófica, cuja principal regra é “viver de boa com a vida”. Os criadores dessa nova tendência (há quem chame de “religião”) criaram uma página no Facebook e começaram a partilhar mensagens que incentivavam o respeito e a calma nas relações entre os usuários das redes sociais.

A ideia surgiu de um casal a partir das observações sobre brigas e falta de entendimento entre as pessoas no Facebook. No entanto, os criadores desta “doutrina” afirmam que não se deve confundir os princípios do “deboísmo” com a preguiça ou o comodismo.

O objetivo é enfrentar e debater os problemas ou desafios, mas com respeito, calma e, acima de tudo, paz. Trata-se de uma brilhante ideia diante de uma corrente que tem se destacado na internet pregando o ódio e a intolerância na política, nas relações humanas e principalmente na religião. Um etnocentrismo que está descambando para o fascismo ou nazismo.

Há um misto de preconceitos, extremismo religioso, fascismo político e muita gente que se diz estudada, mas que não consegue fazer uma análise sóbria e aprofundada sobre a realidade brasileira. E isto provoca uma guerrilha de baixaria nas redes sociais, da qual não há vencedores.

O “deboísmo” pode se tornar uma corrente destinada a fazer as pessoas raciocinarem para que não apenas respeitem a opinião alheia, mas que possam deixar de criticar cheio de ódio, levado pela superficialidade ou por intolerância política, religiosa, racial e até mesmo intelectual – aqueles que se acham superiores em tudo a todos.

Os extremistas costumam usar a agressividade para intimidar as pessoas a não emitirem opinião ou não discordarem de suas ideias, como se fossem algozes a usarem canivetes no pescoço de suas vítimas. E quem entra nesse jogo acaba ferindo e sendo ferido.

O problema é o “deboismo” criar uma linha baseada na omissão ou na covardia. Como já afirmei outras vezes, não podemos confundir humildade com covardia. Calar-se diante de determinados fatos pode significar deixar livre para os malfeitores que querem impor a instabilidade nas relações por meio da força.

Nos últimos meses, minha atitude tem sido excluir ou bloquear aqueles que não sabem dialogar dentro da civilidade ou de argumentos não agressivos. Afinal, as pessoas precisam entender que um perfil na rede social significa que estamos em nosso espaço, como se fosse sua mesa de restaurante ou mesmo no banco de praça, e permitir que alguém chegue e nos ofenda por nossas opiniões e pensamentos lançados em uma conversa. Então, o “deboismo” pode nos ajudar a pensar sobre nossos espaços e o respeito mútuo, cada um dentro de um debate que não descambe para a agressão. Já terá sido um grande avanço.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

*Jornalista
jesseroraima@hotmail.com

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