Remendos e improvisos

 Jessé Souza*

Como está se tornando comum, no Brasil, os reacionários e fascistas atacarem todos aqueles que brigam por seus direitos, principalmente categorias trabalhistas, então a situação dos professores estaduais em greve em Roraima é um bom exemplo a ser observado.

Usando toda a força da mídia, os que querem desmoralizar os grevistas usam de todas as artimanhas. Porém, o que ninguém analisar são os fatos, com base nas leis, para observar que, não apenas esta atual administração, mas todas que passaram, sequer cumprem o que manda a legislação para garantir os direitos dos professores.

O pagamento das progressões horizontal e vertical é a prova cabal. Embora seja uma garantia em lei, historicamente os professores precisam se submeter a uma verdadeira humilhação para provar tempo de serviço e formações para conseguir alguns reais a mais no seu contracheque.

Há uma incompetência generalizada para conceder o que a lei garante. Bastaria fazer a comissão responsável pelas progressões funcionarem. Mas quem quer trabalhar em governos onde servidores públicos sentem-se apadrinhados a qualquer ano eleitoral? Quem deseja ver os serviços públicos funcionando bem quando se trata de categorias como a dos professores, justamente para deixá-los dependentes de serviços para que se pareça um “favor político?”.

As progressões são apenas um exemplo. O Plano de Cargos Carreira e Remuneração (PCCR) foi aprovado na base da pressão. Ou todos já esqueceram que, no governo cupim de Anchieta Junior (PSDB) foram nada menos que quatro greves? Além da aprovado e sancionado, o governo não cumpre os termos do PCCR porque aponta ilegalidade na lei.

Poderíamos desfiar todo o novelo de problemas que a Educação estadual enfrenta, principalmente aqueles sentidos por pais e alunos, como falta de professores, atraso no ano letivo e transporte escolar precário, mas faltaria espaço para apontar quanta razão têm os professores, principalmente aqueles que trabalham no interior e terras indígenas.

Porém, as forças políticas e partidárias fazem questão de embaralhar a realidade e jogar a opinião pública contra aqueles que buscam a melhoria da educação. Porque não é interesse dos políticos manterem uma educação de qualidade, pois, caso isto vire realidade, um dia, teríamos uma sociedade com capacidade de enxergar a realidade a que fomos submetidos e os reais motivos de nossos problemas.

Greve não é bom para ninguém, pois todos saem perdendo. Mas ela é a instância extrema para pressionar governos inertes e alertar a sociedade. E a educação de Roraima precisa ser passada a limpo, com ou sem greve. Não se pode tratar um setor importante da sociedade com remendos e improvisos.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

*Jornalista
jesseroraima@hotmail.com
Acesse: www.roraimadefato.com/main

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