Flores e realidade

Jessé Souza*

A avaliação sobre a próxima campanha eleitoral, quando será disputada a Prefeitura de Boa Vista, é muito fácil de ser feita agora. Os políticos vão tentar resolver os problemas mais urgentes da cidade porque sabem que o eleitor estará mais exigente no pleito de 2016.

No caso de nossa Capital, o boa-vistense aprova que a cidade se pareça a um jardim, mas não suporta mais a situação da falta de estrutura no trânsito, as poucas vagas na educação infantil, as praças caindo aos pedaços, ruas esburacadas, alagamentos e mau atendimento na saúde pública.

Durante esses últimos anos, quase nada foi feito para resolver esses problemas que nem deveriam mais existir (pelo menos na extensão a que chegaram), uma vez que sabemos que recursos federais chegam aos montes, mas eles não foram aplicados como deveriam.

Para tentar calar os críticos e agradar o cidadão eleitor, estão instalando semáforos nos lugares das rotatórias que eram cheias de flores, pontos de alagamentos estão desaparecendo, creches surgem como se fossem um milagre, as vias estão recebendo manutenção com tapa-buraco e já houve promessas de postos de saúde 24 horas, além da reforma dos prédios.

Foram anos de atraso para que isto começasse a ocorrer, uma vez que Boa Vista é do tamanho de um bairro de Manaus (AM), o que significa que um presidente de associação de bairro conseguiria intermediar muito bem a realização dessas obras pelo menos dez anos atrás.

E quando a campanha eleitoral acabar, o que vai nos restar? Quanto tempo de atraso vamos amargar de novo para que continuemos a crescer com planejamento para o futuro, a fim de que sejam realizadas obras que evitem o colapso do trânsito, ações que permitam uma educação de qualidade (que não significa prédios bonitos) e projetos para manter uma saúde preventiva e que não humilhe os cidadãos na fila de espera?

Sabemos que projetos imediatistas foram feitos no passado bem recente para parecer que estávamos vivendo em uma cidade que iria se desenvolver. Porém, passamos mais de uma década com tudo que foi construindo se deteriorando, caindo aos pedaços, vivendo uma política do gogó que não avançou.

Não houve avanço na educação e na saúde, o trânsito beirou o colapso, as praças viraram sucatas e redutos de marginais, o vandalismo a prédios públicos acompanhou o abandono geral, a corrupção não freou e o boa-vistense amargou períodos difíceis até chegar aqui, às vésperas de outra eleição.

É preciso ficar atento ao desenrolar dessa tática política do imediatismo para, logo depois da campanha eleitoral, tudo voltar ao estancamento e ao comodismo. O que o poder público está fazendo hoje nada mais é do que sua obrigação, a qual deixou de ser cumprida na última década. E não se pode permitir que amarguemos, depois, outra década sem qualquer investimento, com o povo pagando a conta com o arrocho.


P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 

*Jornalista
jesseroraima@hotmail.com
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