A sobrevivência


Há quase um ano, lembro de pessoas teorizando que o Estado de Roraima não suportaria a inauguração de dois shoppings. As previsões apocalípticas eram de que ao menos um desses Malls sucumbiria à crise ou ao fato de o Estado não ter consumidores suficientes para manter aberta a porta dos dois empreendimentos desse porte.

Havia também os defensores do argumento de que o nosso Estado abrigava um grande número de pessoas inadimplentes ou endividadas, o que significaria que essa realidade provocaria sérios reflexos negativos ao movimento dos shoppings recém-criados àquela época. Pois bem. Um ano se passou e os dois empreendimentos estão aí, inteiros.

É verdade que o momento econômico é desfavorável, não só em Roraima, mas em todo o Brasil. Porém, os shoppings atravessaram todas as adversidades e mostram-se firmes, com o comércio apostando em melhorias e com os dois empreendimentos disputando a clientela, que tem correspondido, apesar da crise nacional.

Nesse meio tempo, outros comércios se instalaram no Estado, inclusive um hipermercado, que veio para mostrar que não só tem mais espaço para empreendimentos de grande porte como também para possibilitar baixar o preço dentro do que uma concorrência sadia permite, obrigando o mercado local a deixar de explorar o bolso do consumidor roraimense.

Não há mistério nem mágica nisso. Não há lavagem de dinheiro, como fizeram alguns falsos empresários (ou empresários desonestos) e projetos mirabolantes de alguns políticos. Esses grandes empreendimentos vieram em busca dos benefícios que a Área de Livre Comércio de Boa Vista proporciona.

Durante longos anos de instalação da ALC na Capital, boa parte dos empresários embolsava os valores das isenções ou reduções de impostos, obrigando o consumidor roraimense a buscar as fronteiras da Venezuela e da Guiana, se quisesse preços praticados em zonas de livre comércio. Ou mesmo ir para Manaus (AM).

Sem concorrência, não repassando as isenções da ALC e praticando um acordo informal de aloprar com o consumidor, os empresários locais impuseram um longo período de exploração no Estado.

E isso sem contar com produtos estragados ou de baixa qualidade (nem vou incluir nesta conta o mau atendimento).

Os shoppings sobrevieram e os grandes empreendimentos estão apostando em Roraima. Agora só falta o povo acordar para o grande passo necessário para esse Estado avançar: o de desratizar a política roraimense, expurgando os políticos que não querem deixar Roraima sair da economia do contracheque e do paternalismo.

Quando esse novo tempo chegar, aí, sim, teremos prosperidade...

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

*Jornalista

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