O espelho do campo


Quem nasceu no Estado sabe que a Exposição Feira Agropecuária de Roraima (Expoferr) sempre representou um marco para celebrar o encontro do urbano com o rural, ou seja, marcava a chegada dos produtores rurais para celebrar seu árduo trabalho com as pessoas da cidade, a quem suas produções alimentam o ano inteiro, muitas vezes sem apoio governamental e sem reconhecimento por parte da população.

Isso significa que esse evento tornou-se importante (como é importante em qualquer outro Estado) para saber como está a produção agropecuária e também para promover um encontro festivo de quem produz com quem consome, além de chamar a atenção de governos e instituições financeiras para a importância do homem do campo.

Porém, por mais de meia década, os governantes locais não acharam importante realizar a Expoferr, sob a alegação de “falta de recursos”, como se não soubéssemos que dinheiro tem, sim, mas não para investir na agricultura e na pecuária. E ficou uma lacuna irrecuperável do tamanho do abandono do setor produtivo.

Como se trata de um evento tradicional no Estado, muitos roraimenses desde criança costumavam ir à Expoferr. Porém, de uma festa com brilho e alegria, ela vinha mirrando ao longo dos anos a ponto de deixar de se realizada. Então, a retomada do festejo certamente não poderia ser diferente: mais acanhada, embora tenha ocorrido esforço para proporcionar uma boa estrutura.


Não há como sentir o mesmo brilho de antes, se o evento experimentou uma descontinuidade por cinco anos ou mais, com produtores ainda desconfiados se deveriam apostar no evento ou não. O certo é que a Expoferr acabou por se tornar o retrato fiel de como os governantes tratam o homem do campo, aquele que alimenta a cidade e é responsável pelo seu abastecimento.

Como o governo andou longe dos produtores rurais e das famílias da agricultura familiar, não há como retomar um evento desse porte com a grandiosidade de antes. Quem vive da agropecuária ficou reticente em festejar com um governo que ficou esquecido dos investimentos para o setor, ainda que seja uma “nova” administração.

Então, o que se espera, a partir de agora, é que a Expoferr não seja vista apenas como uma festa política de “pão e circo” nem local para justificar grandes gastos, mas como reflexo do investimento no setor agropecuário.

Que a Exposição Feira Agropecuária seja vista como a marca de quem produz e como encontro festivo de reconhecimento da sociedade àqueles que alimentam e abastece a população do Estado. É desta forma que esse evento deveria sempre ser visto.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 

*Jornalista

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