Um passo adiante


O que venho comentando aqui, há quase 18 anos, surge pela primeira vez em uma pesquisa Datafolha, publicada na Folha de S. Paulo: “No ranking de problemas do país, a corrupção é a campeã isolada”. Conforme a pesquisa, realizada nos dias 25 e 26 em todo o país, 34% dos eleitores colocam a corrupção como o principal problema do Brasil na atualidade. Na sequência, aparecem saúde, com 16%, desemprego, com 10%, educação e violência, ambos os temas com 8%, e economia, citado por 5%.

É um passo importante este, embora pareça simbólico para muitos. Porém, essa tomada de posição só foi permitida graças às ações da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça diante dos escândalos que surgem quase que semanalmente a partir do propinoduto da Petrobras por meio da Operação Lava Jato.

Esse mal endêmico é tão antigo quanto o achamento do Brasil, em 1500, conforme mostram os relatos históricos. Mas nunca foi tão explicitado quanto agora, com as prisões de políticos e as investigações que recaem sobre outros, inclusive político local.

O Estado de Roraima, por exemplo, está neste buraco por causa de anos de saques aos cofres públicos praticados por maus políticos que têm no bem público apenas uma forma de se endinheirar. Não havia como o governo se manter sadio com anos de exploração e sangramento de recursos públicos para o ralo das falcatruas.

Embora haja uma distância muito grande entre reconhecer a corrupção como o nosso grande problema e agir para que ele deixe de sê-lo, a pesquisa já demonstra um despertar necessário para que as pessoas passem a refletir sobre os males e as consequências que os esquemas da politicalha podem resultar sobre nossas vidas.

É preciso insistir com a discussão desse tema até que torne inevitável que ele passe a ser prioridade na agenda política de cada pleito eleitoral, isso paralelo às ações que vêm sendo feitas no combate à corrupção e prisão de políticos. É possível começar a mudar a realidade pelas vias democráticas, e não da forma fascista que vinha sendo proposta por setores retrógados da sociedade.

A impunidade que foi alimentada no país, desde sempre, contribuiu para que a corrupção chegasse ao nível atual, além de uma educação deficitária, com milhões de analfabetos largados à margem, sendo submetidos ao clientelismo e ao assistencialismo. E os políticos sabem que o setor educacional é um dos caminhos para mudar este quadro, por isso eles não investem na qualidade do ensino público.

Apesar da desesperança de muitos, avançamos alguma coisa no combate à corrupção. E a Operação Lava Jato é um desses pontos positivos. Agora, é preciso que o brasileiro perceba não apenas a corrupção como o grande mal, mas que ele também se sinta responsável pela manutenção ou pela mudança do que aí está. Assim já estaremos dando um grande passo...  

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 

*Jornalista

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