Vassalagem & butim



Fosse eu o responsável por nominar a operação da Polícia Federal sobre irregularidades fundiárias, em Roraima, a batizaria de Operação Butim, que significa produto de roubo ou de pilhagem. Pois foi o que fizeram com as terras do Estado: um butim, uma pilhagem, um roubo arquitetado por aqueles que deveriam zelar pelo patrimônio público.

Sabemos que o senhor vassalo doou terra a muitos nobres, inclusive membros da Justiça. Mas “doar” não é o verbo correto, pois essa vassalagem foi feita com o bem público, ou seja, com o patrimônio nosso, do Estado, da sociedade, do povo. Foi um butim mesmo.

Não vou cansar de repetir, até ficar bem velinho: enquanto esses maus políticos enganavam o povo com discurso de paranoia da internacionalização, questão indígena e invasões de ETs na Amazônia, eles estavam saqueando o Estado e grilando as terras.

Como estão fazendo uma faxina em Brasília, por meio da Operação Lava Jato, é bom que passem um rodo por aqui também, para desmontar as quadrilhas que se apropriaram dos cofres públicos e dos bens que deveriam estar a serviço do desenvolvimento do Estado, como as terras produtivas.

É difícil imaginar honestidade em um político que andava em carro velho ou de carona, tomava cerveja no Pit Stop, junto com o povão, e conseguiu terminar um mandato com mansões, imensos nacos de terra, empresas e dinheiro para esnobar por aí.

O fato é que a regularização fundiária, pregada em palanques eleitorais durante anos, foi a “galinha de ovos de ouro” dos políticos piratas, que fizeram o butim o quanto puderam, navegaram pelas águas turvas da corrupção e quase afundaram o Estado, o qual se mostrou forte, suportando os constantes ataques aos cofres públicos.

A sociedade cobra essa desratização fundiária para que as coisas comecem a funcionar, pois de “terra de ninguém”, o Estado de Roraima passou a ter donos bem definidos, como se fosse uma privatização feita por meio de negociações escusas, enquanto ao povo sobravam promessas de regularização fundiária, energia confiável, asfaltamento de estradas e exportação para o Caribe (ou seria para a casa do Carvalho?).

E tem muito mais a ser desratizado. Não é apenas a questão fundiária que está infestada de irregularidades. No entanto, já é um bom começo se essa teia for desmontada e os responsáveis pelo butim responsabilizados e as terras devolvidas, para que não sejam usadas para especulação ou para alimentar os esquemas eleitorais que surgem a cada dois anos. É o mínimo que esperamos.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

*Jornalista

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