Perigo a ser evitado




No intenso verão que assolou todo o Estado, no ano passado, tive a oportunidade de ir a um trecho de praia no Rio Branco, perto da Serra Grande, a poucos quilômetros de Boa Vista. Para chegar lá tivemos que atravessar quase meia hora em uma picada na mata.

Depois de vencer a vegetação seca, por entre muitos espinhos e galhos caídos, área muito castigada pela estiagem, chegamos a um dos “braços” do rio que, em tempos de chuva, fica completamente cheio, compondo a grandiosidade de nosso principal rio de água doce.

Mas, o que me impressionou mesmo foram os imensos bancos de areia que ficaram visíveis por causa da seca. Eram muito altos, alguns com mais de dois metros, como se fossem grandes ondulações na extensa praia que se formou. Quando estão encobertos pelas águas, se tornam verdadeiros “abismos”.

Essa imagem que presenciei me deu a exata noção dos perigos que as pessoas menos desavisadas correm mesmo tomando banho perto da margem, na beira do rio, como chamamos na Amazônia. Com a forte correnteza, esses bancos de areia se movimentam, compondo “armadilhas” naturais por onde houver areia encoberta pelas águas.

Comento isso para que as pessoas, principalmente crianças e aquelas que se excedem na bebida, tomem cuidado com a Praia Grande e outras extensões de praia ao longo do Rio Branco. As areias ficam em constantes movimentos, formando esses bancos imensos submersos bem próximo da margem.

Até quem sabe nadar pode, desavisadamente, deslizar nesses “abismos” e afundar, como se a pessoa fosse sugada, já que por ali as correntes de águas ficam mais fortes e encrespadas, como se fossem redemoinhos imperceptíveis debaixo da água.

Isso pode ser fatal para crianças, para pessoas que não sabem nadar e até mesmo para quem sabe nadar, mas não tem habilidade suficiente para se recuperar ao engolir água subitamente ou pela entrada de água pelo nariz. Quem está cansado ou com seus sentidos alterados não consegue se recuperar rápido e emergir em um evento súbito como esse.

É por isso que as crianças e pessoas que ingerem bebida alcoólica não podem se distanciar muito da margem com a finalidade de buscar um lugar “mais fundo” para tomar banho, pois os bancos de areia formam-se quando menos se espera, bastando, para isso, que as fortes correntezas movimentem uma extensão de areia submersa.

A Amazônia é cheia de mistérios, e as lendas são fartas na imaginação dos nativos. Porém, o desconhecimento de eventos naturais, somado à desatenção e os comportamentos afoitos, pode provocar tragédias inesperadas.

A natureza nos acolhe e nos proporciona momentos inesquecíveis, mas precisamos respeitar limites e conhecer alguns eventos naturais para que possamos seguir em harmonia com o meio ambiente. Vamos redobrar nossas atenções.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

*Jornalista

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