Recados da natureza




Anualmente enfrentamos os mesmos graves problemas cuja origem principal vem da natureza, a estiagem, que provoca seca em todo o Estado e contribui sobremaneira para o avanço das queimadas, prática arcaica, porém essencial para a agricultura, uma vez que tecnologia é inalcançável para os pequenos produtores.  

Quando a agricultura e a pecuária enfrentam riscos e prejuízos, a cidade sofre as consequências. E a falta de água também é um problema que causa preocupação às cidades, as quais podem sofrer desabastecimento de água potável, como já vem ocorrendo em algumas localidades do interior de Roraima.

Enquanto as autoridades precisam correr contra o tempo e ainda torcer para a natureza ser bondosa, é essencial refletir sobre a proteção ambiental, um fato imprescindível para que nossos mananciais de água potável estejam seguros, protegidos, e assim a força da natureza não se tornar mais severa do que já é em seus fenômenos, a exemplo do que vem ocorrendo com outros estados, onde os rios e barragens secaram.

O curioso é que ainda há quem prefira alimentar a paranoia nas pessoas incautas, que acham que proteger o meio ambiente faz parte de uma conspiração ou algo arquitetado para tirar nos riquezas. Nenhuma riqueza desenterrada do subsolo conseguirá substituir a importância de proteger nosso patrimônio maior, ou seja, nossas fontes de água potável e a vegetação essencial para o equilíbrio de nosso clima.

São Paulo, o Estado mais rico da América Latina, mostrou ter pés de barros ao sucumbir à falta de água, uma vez que as fontes que alimentam seus reservatórios foram destruídas e continuam sendo agredidas. Em Roraima, todas as nascentes de nossos principais rios que nos abastecem e ajudam a nos alimentar ficam nas áreas indígenas. E, graças a elas, esses mananciais não correm maiores riscos, além daqueles que a natureza decreta, pois estão protegidos.

Mas os defensores do desenvolvimento a qualquer custa escondem esse detalhe importante, pois a eles só interessam números, sem levar em conta que, no futuro, toda riqueza que for produzida com prejuízos ao meio ambiente não nos trará garantia de água potável nem trará de volta o que foi extinto. Omitem que a água será o maior bem que um povo terá em um futuro bem próximo.

Então, quando se vê um discurso paranoico, lembremos que a natureza é um patrimônio inestimável, por isso ela precisa ser explorada de forma racional, respeitando populações tradicionais com seus saberes, áreas de proteção e nascentes de mananciais que sobrevivem graças a árvores em pé, com toda sua fauna e flora. A natureza manda constantes recados. É preciso saber lê-los para o bem de nossa sobrevivência.  

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 

*Jornalista

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