É preciso muito mais

Imagem: pare.paginas.ufsc.br


Faz algum tempo, quando eu estava de carona no trânsito de Manaus (AM), percebi que os carros andavam lentamente em uma das mais movimentadas avenidas onde já ocorreram grandes tragédias, no passado, provocadas por acidentes de trânsito. Na verdade, não se tratava de uma “nova consciência” por parte dos condutores manauaras, e sim da fiscalização eletrônica recém-instalada.

Quando os equipamentos foram instalados, os condutores continuaram desafiando a fiscalização até chegarem as primeiras notificações por meio dos Correios. Como começou a doer no bolso, os condutores passaram a dirigir dentro da velocidade máxima permitida em via urbana, que é de 60Km por hora.

O mesmo começa a ocorrer em Boa Vista, aonde tudo chega atrasado - não por causa do fuso horário, mas porque os políticos locais investem no atraso como forma de manter esse Estado na base da política do “quanto pior, melhor”. Ou seja, o atraso é uma forma de fazer política por aqui.

Como já comentei aqui, os semáforos começaram a ser instalados com décadas de atraso nos principais cruzamentos, assim como chegaram atrasados os primeiros radares móveis para fiscalizar excesso de velocidade na Capital. Depois de centenas ou milhares de mortos e feridos nas largas e extensas avenidas, uma ponta de alento.

Pode demorar um pouco para o condutor boa-vistense se enquadrar nessa nova realidade, até ele começar a receber as multas pelos Correios e ter de pagar os valores pelas infrações cometidas. Mas esse dia chegará, mais cedo ou mais tarde, da mesma forma como ocorreu em Manaus.

Mas ainda tem um “porém” a ser observado nisso. Como estamos falando de estruturas corrompidas no poder público no país do petrolão, é necessário saber se haverá “jeitinho brasileiro” para livrar os que se acham “acima da lei”, principalmente autoridades, parentes de autoridades e os “pistolões” dessa elite política e econômica que acha que tudo pode.

Independente disso, cabe às autoridades de trânsito avançarem na modernização do trânsito. Pelo que se vê, parece que a Prefeitura de Boa Vista já está satisfeita com o número de semáforos instalados, deixando vários cruzamentos à mercê da confusão.

Da mesma, não se pode achar que somente dois radares móveis são suficientes para mudar todo o quadro e, ainda, a Prefeitura fazer acreditar que isso é o máximo do investimento digno de aplausos. É preciso muito mais, também por parte dos órgãos de trânsito em todas as esferas, os quais têm deixado muito a desejar em ações para combater o caos e os altos índices de acidentes.

Não custa lembrar que o trânsito é o grande responsável por fazer lotar os hospitais e por deixar centenas de pessoas sequeladas, muitas afastadas do trabalho temporariamente ou mesmo para o resto de suas vidas, além de milhares de pessoas enlutadas a cada ano.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 

*Jornalista

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