A faxina completa

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Jessé Souza*

A bombástica delação premiada do senador Delcídio Amaral veio comprovar o que comentei aqui, dias atrás: a corrupção neste país vem de longas datas e alimentou todos os governos. Porém, a espetacularização feita pela Globo em cima apenas de um único partido acaba por induzir a opinião pública a esquecer a bandalheira que vem de tempos atrás, inclusive no governo de FHC.

Esse pensamento fixo de acusar um único grupo tem alimentado um comportamento fascista no país, imagem essa concretizada no “bolsanarismo”, um fanatismo pelo posicionamento de Bolsanaro, explicitamente fascista em seus discursos, aplaudido por aqueles que querem desprezar a democracia como fundamental para o futuro do Brasil.

Isso é perigoso para um país que passou por uma ditadura militar durante longos anos, com a promessa dos militares de que iriam “consertar o Brasil”, mas entregaram as chaves de uma Nação espedaçada e um governo endividado, sequelado por uma ditadura impiedosa e cruel.

Não podemos achar que os problemas irão se acabar satanizando apenas uma parte dos corruptos e deixando os demais partidos e políticos igualmente corruptos livres e desimpedidos para continuarem a roubar os cofres públicos.

É preciso buscar punição para todos os corruptos, independente de partido ou de ideologia ou de governos, mas sem apelar para o histerismo das pessoas, criando um clima de instabilidade e alimentando ideias fascistas que possam culminar em algo que já conhecemos de um passado não muito distante.

O Brasil precisa de equilíbrio, longe do que a Globo vem pregando diariamente em seus telejornais terrulentos e que induzem os mais jovens a acreditarem que democracia é algo negociável e que a ditadura militar seria uma saída diante de toda essa bandalheira.

Os histéricos e fascistas estão se esquecendo de dizer que o brasileiro tem sua arma democrática, o voto, para também contribuir com a limpeza do país, o que significa responsabilidade para começar a fazer a faxina moral a partir das eleições deste ano, não votando nos “fichas sujas” ou naqueles envolvidos em corrupção.

Não existe mágica nem solução espetacular para o Brasil. Essa corrupção endêmica tem grande parcela de culpa no seio da sociedade, que continua dizendo que vota naquele que “rouba, mas faz”. Então, a mudança tem que começar por baixo. Colocar os corruptos na prisão é apenas uma parte da faxina lá em cima. O brasileiro também precisa cumprir com sua obrigação aqui em baixo.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 

*Jornalista 
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