Do viaduto à ciclovia

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Jessé Souza*

Ainda lembro-me das recorrentes críticas que muitos faziam do viaduto construído pelo então prefeito Ottomar Pinto (que morreu governador), no cruzamento das avenidas Venezuela e Glaycon de Paiva, onde ocorriam graves acidentes de trânsito. O viaduto foi construído ali para salvar vidas, mas começou a receber críticas porque havia pouco fluxo de veículos.

Foram anos de críticas. E hoje parece óbvio que um viaduto sempre deveria existir não só ali, mas em outros cruzamentos. A mesma crítica se fez nos dois outros viadutos no trecho sul da BR-174, com destaque para o que foi instalado na entrada para o Anel Viário, hoje também pouco utilizado pelo baixo fluxo de veículo. Mas o tempo vai se encarregar de provar a grande utilidade dessas obras.

Atualmente, os críticos dos críticos estão atacando a construção das ciclovias em Boa Vista. E o ponto principal das críticas é exatamente esse, o da falta de ciclistas utilizando o espaço. E isso porque as obras ainda estão em andamento e o boa-vistense mal se acostumou a essa nova realidade que ainda será incorporada ao cotidiano.

Ao que parece, pelo viés da política partidária, se crítica de forma inconsequente, sem analisar a importância dos projetos para o futuro, para os nossos filhos e netos, a exemplo dos viadutos e, agora, das ciclovias. Essa questão deveria ser analisada por outra ótica, a da fiscalização da aplicação de recursos e os custos das obras, coisa que ninguém ousa fazer por aqui.

Da mesma forma que faltam quem fiscalize na raiz, desde o início do projeto, antes da execução das obras, também faltam políticos com olhar estadista, ou seja, que pensem em soluções para o futuro, e não apenas quando o caos chega e obriga os governantes a tomarem decisões.

O trânsito é um exemplo dessa ausência de visão e de planejamento futuro. Vão realizando obras quando o caos já se instalou e quando não há mais como adiar, principalmente em ano eleitoral, como este, quando se fazem obras como forma de campanha eleitoral. Tudo é planejado apenas de olho no voto e na “divisão do despojo” – digamos assim.

Por outro lado, quando surge uma obra que realmente pode ser considerada importante e essencial, como as ciclovias, surgem os críticos que também enxergam tudo na visão partidária, em vez de concentrarem suas cobranças em outro foco, na necessidade de mais projetos que possam permitir Boa Vista se antecipar aos problemas que ainda vão surgir.

E assim se faz uma política rasteira, tanto da parte dos críticos partidários quanto dos políticos que só agem pensando no voto, sem se preocupar com o bem-estar futuro da coletividade. Sem falar na corrupção que engole boa parte dos recursos destinados a estas obras.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 

*Jornalista

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