Ídolos e o ‘efeito japa’

Foto: Google
Jessé Souza*

Nesse momento delicado por qual passa o Brasil, uma figura importante a ser contextualizada é a do “Japonês da Federal”. Por simplesmente aparecer na TV pegando no braço de presos da Operação Lava Jato, o japa logo virou símbolo contra a corrupção, se tornou letra de marchinha e máscara de Carnaval, foi guindando a ídolo venerado. Foi o “efeito japa”.

Mas eis que, não tardou, caiu a máscara do japonês. Ele não passava de um corrupto de contrabando na fronteira. Aclamado como ídolo, como ocorre na cultura televisa brasileira, na verdade, o japa era um símbolo tipicamente brasileiro, pois já havia sido condenado por corrupção, mas o processo de expulsão dele da PF e para que ele fosse preso pelo crime que cometeu nunca havia sido julgado pela Justiça.

Assim como os grandes corruptos da política brasileira, o “Japonês da Federal” também contava com a lentidão do Judiciário. Para não se distanciar dessa realidade, ele já tentava se beneficiar da fama na TV e se preparava para ser candidato nas eleições deste ano, porque também almejava estar no lugar certo de corrupto: na política partidária.

E assim se constrói um Brasil de ídolos que surgem do nada, aclamado por uma exposição contínua na TV. O brasileiro tem esse grande mal de eleger ídolos, assim como fez com Collor de Melo, “O caçador de marajás”, com Joaquim Barbosa, do Supremo, e agora com o juiz Moro, da Lava Jato, que encontrou guarida perfeita na Globo, especialista em construir e destruir imagens de acordo com sua conveniência e interesse.

Para a Globo interessa, a qualquer custo, retirar o PT do governo, não somente por causa da corrupção, crime este que ela vem ocultando de outros governos desde a ditadura militar sustentada por ela, na década de 60. O principal motivo para esse histerismo que ela pregou com impeachment e Operação Java Jato é que sua concessão encerra-se justamente em 2018.

A Globo sabe que, com o PT, corre sério risco de perder a concessão pública. Então, foi com esse interesse que ela deu sustentação e tornou o juiz Moro um ícone, um ídolo aclamado por brasileiros que passaram a viver um novo momento de ética, de moralização e civismo, como se o passado não existisse mais e, daqui para frente, fosse um novo Brasil. E até os excessos e atropelo de Moro aos preceitos constitucionais são aclamados em nome dessa “moralização” e “ética” globais.

O Brasil engoliu as iscas. Vai cultuando ídolos e construindo seus próprios ícones como se eles fossem “a” solução para todos os males, um super herói que logo será trocado por outro nos próximos capítulos. Se o PMDB assumir o governo, nem Moro nem Operação Lava Jato. A Globo já estará contente com a renovação de sua concessão em 2018.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

*Jornalista 
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