O Brasil em momentos

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Quem conhece um pouco de História (com “h” maiúsculo) consegue entender que representam realidades bem diferentes a do golpe militar de 1964 e a de hoje, quando setores da sociedade brasileira voltam a pedir uma “intervenção militar” com a desculpa de que seria uma “intervenção constitucional”.

Naquela época, os ânimos eram muito semelhantes, quando as pessoas clamavam em nome da defesa da “moralidade e da família”, e também bradavam contra a “corrução e o comunismo”. Porém, naquela época, o mundo vivia a chamada Guerra Fria, quando existiam disputas estratégicas e conflitos entre os Estados Unidos e a União Soviética.

Era um conflito muitas vezes silencioso que envolvia várias frentes, de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica entre as duas nações e suas zonas de influência. Nesse meio entrou o Brasil com suas incertezas, mazelas, insatisfações e guerras ideológicas que possibilitaram aos militares tomar o poder.

Mas hoje a realidade é outra e a principal necessidade do país é o fortalecimento da democracia, regime no qual cada instituição cumpre com o seu papel, inclusive os militares. E a única intervenção que o Brasil precisa, neste exato momento, é a da vergonha na cara de muitos brasileiros, que sempre votam em corruptos e os mantém no poder, desde a abertura democrática, em troca de favorecimentos ou comercializando seu voto abertamente.

O fato é que muitos estão indo para as ruas clamar por moralidade, mas continuam com antigas práticas, desde o “jeitinho brasileiro” à defesa de políticos que sempre se lambuzaram com a corrupção em tempos passados e/ou na atualidade. Sem condições de acreditarem em suas próprias forças por meio do voto e nas instituições democráticas deste país, setores da sociedade desejam que os militares tomem o poder outra vez.

Nesta nova realidade do Brasil, os militares são outros, bem mais preparados intelectualmente, e sabem que as instituições primeiramente precisam funcionar para a Nação seguir o seu curso, decidindo soberanamente seu destino. Nós não temos fronteiras em guerra e não existe esta paranoia de comunista ou internacionalização que pregam por aí (e os militares sabem muito bem disso).

Muitos brasileiros não estão querendo assumir suas responsabilidades inerentes a uma democracia, que é votar de forma correta nas próximas eleições, sem querer mágica, receitas miraculosas ou decisões extremas. Nem querem respeitar as instituições deste país que têm o papel de fiscalizar, investigar, processar e condenar quem pratica crimes.

Optar pelo voto consciente e cobrar das instituições que cumpram seu papel não é nada fácil, demanda tempo e inteligência, consciência cidadã e muita responsabilidade. Mas pensar é difícil e assumir responsabilidades requer empenho, por isso muitos optam pelo extremismo.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

*Jornalista  

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