Hora da punição

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Por longos anos, em administrações anteriores, a Companhia de Água e Esgoto de Roraima (Caer) vinha tentando encobrir os crimes ambientais provocados pelo lançamento de esgoto sem tratamento no Rio Branco e nos igarapés que deságuam nele, principalmente o Mirandinha, o Caxangá e o Grande, que se tornaram esgotos a céu aberto depois de anos de agressões.

E tudo isso com a complacência e a omissão da maioria das autoridades fiscalizadoras, que sempre optaram por não enxergar a gravidade do problema. Afinal, meio ambiente é tratado sempre com desleixo porque existe um discurso de que é preciso fechar os olhos em nome do “desenvolvimento”.
Dentro da própria empresa e do governo havia uma determinação para negar tudo, esconder fatos, abafar denúncias, inclusive a estatal chegou a criar uma “cartilha” para tentar colocar um cabresto na imprensa, algo muito semelhante como se faz em regimes totalitários. 

Então eis que, antes tarde do que nunca, a Polícia Federal desencadeou a Operação Knossos, na semana passada, a fim de investigar os crimes ambientais provocados pelo lançamento de dejetos no nosso principal rio, que abastece a maior parte da Capital e é fonte de renda e vida para milhares de famílias, de Norte a Sul do Estado.

E tudo aquilo que se pretendia ocultar, em uma ação parecida com “tapar o sol com a peneira”, ficou evidenciado a partir das investigações da PF, que não teve muito trabalho para comprovar o crime ambiental, problema este que nunca foi cessado porque sempre existiu uma lentidão para enfrentar agressões ambientais. 

Com a operação em andamento, o que se espera agora é que haja punidos para responsabilizar os responsáveis pelos repetidos crimes que vêm sendo cometidos pela estatal que por, obrigação, tem o papel de preservar os nossos principais mananciais e cuidar para que o esgoto produzido pela cidade não represente riscos ao meio ambiente e à saúde da população.

Não se pode achar que os crimes ambientais cometidos contra o principal rio do Estado seja algo sem relevância diante de crimes corrupção que têm vindo à tona pelo país. Até porque, o sucateamento da empresa de esgoto foi um dos motivos que levou a essas graves irregularidades; e sucateamento de órgãos públicos tem muito a ver com a corrupção que corrói o Estado e o País.

Frear as agressões aos nossos mananciais é questão de sobrevivência e bem-estar. Acabamos de passar por uma grave crise devido à forte estiagem que comprova a urgência de cuidar melhor do meio ambiente, pois o preço que podemos pagar será muito caro, como já vem ocorrendo em outros estados onde a poluição provoca desabastecimento e crise. 

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

*Jornalista

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