O grande golpe

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O maior golpe que estão querendo dar é na inteligência das pessoas. É como se os brasileiros tivessem entrado em um mundo paralelo, onde uma força maior de ética e moral tivesse possuído todos, a ponto de o senador Romero Jucá (PMDB) se apresentar como o condutor desse movimento, agora condenando o jogo de negociar cargos por apoio político.

É como se o brasileiro não se lembrasse de mais nada, daqui para trás, perdendo a memória de como eram feitas as negociatas com as emendas parlamentares, os mensalões e mensalinhos, o dinheiro de grandes empresa destinados ao caixa 2 das campanhas eleitorais e as gordas porcentagens das obras licitadas em todos os níveis de governo, de Norte a Sul.

Não lembram mais dos anões, das intensas negociatas com os relatores do Orçamento, dos propinodutos que jorravam de todas as estatais, das privatizações e outras grandes negociatas envolvendo recursos federais, principalmente daqueles destinados ao desenvolvimento de regiões menos favorecidas, como Sudene e Sudam.

Estão inventando a nova política de não aceitar mais ministérios e cargos federais. Criaram amnésia de um governo de coalização responsável por tudo o que vemos no país, hoje. Fizeram o favor de esquecer todas as “pedaladas” e Medidas Provisórias que os governos de todos os tempos vinham fazendo desde os primórdios da redemocratização do país.

E o que dizer do PMDB que, do nada, em uma reunião de três minutos, sem a presença de importantes lideranças, decidiu que não mais faz parte da base aliada do PT, isso depois de anos se locupletando desse governo de coalização?

Apagaram da lembrança o que os grandes jornalões de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Brasília fizeram para apoiar o golpe militar de 1964, retirando da memória que a Globo acumulou mais poder e riqueza por dar apoio aos militares e ajudar a coloca-los no poder. Não lembram mais que a Globo demorou a admitir o movimento “Diretas já”?

Esse é o grande golpe que estão dando no Brasil, o da hipocrisia, o da mentira deslavada, o da histeria coletiva, o do fascismo e da destruição do senso crítico dos mais jovens, que não viveram os tempos obscuros quando falar em democracia significava assinar a sentença de morte.

Estão dando um duro golpe na inteligência das pessoas que não se esqueceram do quanto fede as estranhas desse poder e dos que lembram do Judiciário que nunca mandou para a cadeia Maluf e os demais grandes corruptos da política brasileira, inclusive estes que hoje conduzem o PMDB.

Enfim, o golpe fatal não vai acontecer porque, neste Brasil, existem pessoas com memória, com senso crítico e principalmente que sabem quem são esses que hoje pregam moral de calças curtas, se apresentando como bastiões da ética e da moral. Não vai ter golpe final.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

*Jornalista 

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