Pedido e faxina

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Em uma rede social, esta semana, uma parlamentar fez uma postagem sobre o momento político, criticando duramente um senador de Roraima, e recebeu vários comentaram de internautas, alguns fora do contexto. Como ela aparecia com uma Constituição Federal, na foto, em duas postagens leitoras fizeram um pedido: queriam ganhar um exemplar da Constituição.

Uma delas também pediu livros para que pudesse estudar a fim de passar em concurso público, pois alegava que não tinha condições financeiras. Esta internauta recebeu retorno de seu pedido da assessoria da parlamentar, que afirmou que alguém iria entrar em contato com ela.

Curioso, entrei no perfil da moça que alegava falta de condições financeiras para comprar livros. Então, eis que surgiram fotos da internauta em passeios nos pontos turísticos do Rio de Janeiro, nas praias de Fortaleza e em cachoeiras da cidade amazonense de Presidente Figueiredo. Também havia registros de festinhas infantis para as filhas, além de passeios em shoppings.

Aqui está um dos pontos a respeito do artigo que escrevi ontem, neste mesmo espaço: os brasileiros mostram-se infestados por uma onda de ética na política e contra a corrução, porém, muitos demonstram que continuam mantendo antigas práticas, a exemplo de eleitores que acham que os políticos devem fazer assistencialismo ou atender favores dos mais diversos.

É como venho dizendo. Os políticos corruptos que desfilam em Brasília e nas imagens dos telejornais não foram eleitos por ETs ou caíram do inferno por um castigo divino. Eles são crias nossa, resultado de anos de venda de fotos, troca de favores ou alienação política das mais diversas. A corrupção não foi inventada agora, pelo PT e PMDB apenas. Esse grande mal está enraizado desde longos tempos.

Vender voto não significa apenas receber dinheiro vivo para votar em determinado candidato. Essa comercialização se dá por vários meios, do patrocínio de festa de formaturas a favores políticos ou oferta de vantagens. A venda não ocorre somente em troca de botija de gás, pagamento da conta de luz ou da concessão de vale alimentação.

É difícil acreditar nessa onda de moralização que pipoca em todo o Brasil, enquanto gente fica pedindo dos políticos “livros para estudar”, sob a mentira de que falta condição financeira.  O clamor ouvido das ruas não tem se sustentado nas práticas diárias das pessoas. A faxina moral precisa atingir o íntimo dos brasileiros, que sofre de antigos vícios e de práticas eleitoreiras que têm mantido os corruptos no poder.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 

*Jornalista

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