Serviço público...

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Vez por outra, é possível presenciar gente dando surto em algum órgão público ou mesmo no atendimento ao cliente de empresas privadas. Muitas vezes, quem está de fora do problema acaba achando que o cliente/consumidor perdeu a razão por não manter o equilíbrio. Mas só quem vive aquele problema pode medir ou imaginar o nível de estresse a que se chegou.

Na semana passada, comecei a regularizar um serviço em um órgão público estadual. O atendimento humano é até razoável, não fossem um ou outro servidor enrolando ou fazendo corpo mole, como é de praxe. Porém, não há um procedimento uniforme e a exigência de documentos muda de acordo com cada atendente, caso a pessoa precise retornar.

Desta forma, é mais ou menos assim: em um dia, com determinado atendente, exige-se esse e aquele documento; no dia seguinte, com outro atendente, não é mais necessário aquele documento, porém é exigido outro que não foi dito pelo servidor de antes; no terceiro dia, já é outra situação, pois o atendente pode ser aquele cara de bem com a vida, que não se perde em burocracia ou sabe que a vida das pessoas e o serviço público precisam fluir.

Esse é apenas um exemplo do que passei na semana passada e nesta semana. Mas há problemas bem maiores que obrigam as pessoas a saírem do sério, pois o cidadão muitas vezes “fugiu” do trabalho para resolver um problema burocrático e encontra servidor que não informa, que está pronto para ser ríspido, que não está bem amado, que é incompetente, que é preguiçoso ou não está nem aí pra nada.

Então, muitas vezes, quando vejo uma cena de descompostura em algum local, lembro que muitas vezes é preciso segurar o estresse para não sair da linha e evitar um “barraco” em público. Porque, no geral, parece que o serviço público existe para aborrecer o cidadão, e não para tirar todas as suas dúvidas e resolver o problema.

A máquina, por si só, já é pesada, burocrática e muitas vezes precária. E quando isso se soma a servidores indolentes ou sobrecarregados por estrutura precária e ineficiente, então o negócio trava mesmo, provocando transtornos diários a muita gente e ao próprio serviço público. Quando a burocracia se junta à indolência do servidor, ao estresse do contribuinte e do servidor, além da ignorância dos brutos, obviamente que a explosão é inevitável.

Difícil apontar uma solução. Esse é um desafio para os governantes que elegemos, mas eles não estão preocupados com isso, pois enquanto o contribuinte e o servidor penam lá em baixo, se devorando no balcão de atendimento, eles estão pensando na próxima eleição e arquitetando como vão enganar os otários de novo.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

*Jornalista

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