Titanic e os cleptocratas


O que muitos não entenderam (ou não querem entender) é que, no Brasil, a oposição do eleitor, neste momento, não deve ser a favor ou contra este ou aquele governo; a oposição sistemática e barulhenta deveria (e deve) ser contra a corrupção em todos os níveis e cores partidárias, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Porém, parece que esta não é a finalidade de muitos que fizeram panelaço e barulho pelo impeachment.

Está muito cristalino que há uma tolerância aos corruptos da cleptocracia que está sendo montada pelo governo Temer (PMDB). É como se fosse uma leniência pela corrupção, como se esta corrupção fosse menos pior que aquela, como se estes clecptocratas que aí estão nunca tivessem participados dos governos anteriores.

A divulgação do mais recente diálogo para frear a Operação Lava Jato é a confirmação do que vem venho repetindo aqui, neste espaço, sobre os grandes acordos que poderiam ser concretizados, aos moldes do que foi feito na Operação Mãos Limpas, na Itália: “Se todos são culpados, logo todos são inocentes”.

Para usar uma expressão do então cérebro deste atual governo, senador ex-ministro Romero Jucá (PMDB), quando ele comparou o governo do PT ao “Titanic”, o navio governamental apenas trocou de comando, mas o Titanic continua sendo conduzido pelos mesmos mentores de todos os grandes esquemas neste país.

Só que este Titanic não corre o risco de afundar apenas por causa do grande iceberg da economia, mas também pela manutenção dos corruptos em pontos estratégicos a fim de proteger os mesmos esquemas para as futuras eleições e a garantia de que uma verdadeira desratização não aconteça, e assim não alcance os demais políticos envolvidos em corrupção.

O diálogo de Jucá divulgada pela imprensa confirma não apenas que o impeachment de Dilma visa frear a Lava Jato, mas também diz claramente que, exceto o ministro Teori Zavascki, no Supremo Tribunal Federal (STF), a mais Corte judicial do Brasil, os demais ministros poderiam aceitar um “pacto” que visa “congelar” a Lava Jato.

Se os brasileiros não conseguirem compreender a gravidade disso que está acontecendo, então creio que o problema do Brasil é uma doença, uma patologia sem cura que precisa ser estudada para um futuro prêmio Nobel. Porque não é possível que toda aquela mobilização nas ruas de verde e amarelo, panelaço e espetacularização da Globo não foram necessariamente contra a corrupção.

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