Apagão e choque de realidade


A questão energética do Estado é crucial para o eleitor roraimense entender a forma como os políticos vêm agindo muito antes de Roraima ser emancipado como unidade autônoma da Federação. Energia confiável é condição básica para o desenvolvimento de qualquer região, por isso o assunto “matriz energética” deveria fazer parte do “beabá” de qualquer político.

Porém, poucos se movimentaram para resolver essa questão, a maioria preferindo tratar o assunto somente na base do discurso e das promessas. O então governador Ottomar Pinto até tentou, encampando a construção da Hidrelétrica de Cotingo, mas de forma errada, pois achava que poderia atropelar os índios, sem consultá-los, sem respeitá-los. E deu no que já sabemos.

Assim como ele, todos os demais políticos acharam que poderiam fazer o que bem entendessem nas áreas indígenas, por isso nem se preocuparam em discutir uma saída para as demarcações e homologações, preferindo usar a força (alguns com jagunços), ações judiciais descabidas e  influências nos gabinetes de Brasília. E perderem feio no Supremo Tribunal Federal, pois eram crentes que eles tudo podiam.

Como não havia “plano B”, a Hidrelétrica de Cotingo foi enterrada e ninguém se preocupou em buscar um estudo sobre a construção de uma matriz energética. Também pudera. Em vez de estarem lutando pelo desenvolvimento do Estado, os políticos de alto coturno estavam se lambuzando com a corrupção, conforme vem mostrando a Operação Lava Jato no butim que fizeram nos cofres da Petrobras.

Nesse meio tempo, surgiu a energia de Guri, a partir de acordos entre os presidentes Fernando Henrique Cardoso e Hugo Chávez, mas as promessas locais sobre esse empreendimento nunca foram cumpridas: energia confiável e preços mais baixos para a população. Então, com a crise na Venezuela, voltamos para os apagões, preços elevados e reinstalação de termelétricas, altamente poluidoras, alto custo e inconfiáveis.

Como ninguém mais se moveu para a questão energética, a única saída veio de fora, ou seja, a esperança da construção do linhão de Tucuruí, vindo de Belém (PA), passando por Manaus (AM) e até chegar a Boa Vista. Com o entrave ambiental na Terra Indígena Waimiri-Atroari, novamente os principais caciques nada fizeram – pelo contrário, estão ajudando a pôr para fora a presidente Dilma, a única que fez de tudo para que Tucuruí chegasse ao Estado.

Isso é uma prova de que os enlameados com o propinoduto da Lava Jato não querem que Roraima tenha autonomia energética, porque isso significaria desenvolvimento; e desenvolvimento não combina com os planos dos corruptos de roubar mais e manter o povo no cabresto para que suas reeleições sejam garantidas. Por isso estamos no apagão energético, porque os larápios da Nação assim desejam...

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 

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