As mulheres II

Jessé Souza*

Da Grécia à Era Moderna, muito mudou em relação ao tratamento às mulheres, mas ainda há muito entulho a ser removido. E isso podemos ver nas ocorrências policiais diárias, inclusive autoridades acusadas de detratoras e agressoras do sexo feminino. Há uma cultura enraizada no mundo de que as mulheres são parte inferior da sociedade.

O filósofo francês Jean-Jacques Rosseau, festejado como pensador e com grande contribuição para a Educação, Literatura e Política, defendeu uma sociedade regulada por direitos e deveres, porém, em sua concepção, as mulheres deveriam ser educadas para servir aos homens e para procriar.

E foi mais longe. Para Rosseau, a mulher deveria existir apenas para satisfazer os desejos masculinos. No livro “O Contato Social”, ele chegou a escrever que as mulheres só seriam beneficiadas se assim os homens quisessem.

Desde tempos remotos, instalou-se no mundo a ideia de que o sexo feminino era inferior, muitas vezes as mulheres sendo ridicularizadas e relegadas a insignificantes ou como parte negativa da sociedade.

A religião também contribui decisivamente para isso, com mulheres até hoje crendo que ela deve ser submissa ao marido por vontade de Deus. Não pense que estou me referindo aos evangélicos tão somente. A Igreja Católica, na Idade Média, não só excluía e marginalizava as mulheres, como as colocou como a origem do pecado, as transformando em símbolo da impureza e da fraqueza (lembra a mordida na maçã?).

Quem tentou combater esse pensamento e conceito estabelecido pagou caro, pois as mulheres que levantaram a voz eram sumariamente consideradas como bruxas e, como sabemos por meio da História e dos filmes atuais, toda bruxa deveria ser morta na fogueira.

Que ninguém pense que as mulheres combativas atuais, na Era da informação e da tecnologia, estão livres da fogueira. Elas não são mais consideradas bruxas como antigamente, mas algo muito semelhante conceitualmente: “feministas”, no sentido pejorativo, como “mal-amadas”, “amarguradas”, “desocupadas” e “burras”. A fogueira agora é no campo ideológico e, muitas vezes, político.

É por isso que os homens sentem-se autorizados a oprimir as mulheres. Porque está enraizado na História, corroborado por filósofos do passado e pela leitura desatualizada da Bíblia, que a mulher é um ser inferior que merece ser ridicularizada, a parte ruim da sociedade e submissa às taras e violências dos homens que não podem ser contestados.

Os políticos estão inclusos nessa dura realidade de desprezar e vitimar mulheres. Porque muitos acham que seu poder é supremo a todos, principalmente às mulheres, quem eles acham que deveriam agir como na Grécia antiga ou na Idade Média comandada pelo cristianismo.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

*Jornalista
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