Confraria e carcaças

Foto: Divulgação/Google

São poucos os administradores públicos punidos e condenados pela Justiça por obras públicas inacabadas, em Roraima, ou cujos recursos foram flagrantemente desviados a ponto de os trabalhos não terem sidos executados até o final. Geralmente, os que recebem o rigor da lei, nessas situações, são prefeitos do interior que têm poder e influência.

Há uma benevolência muito grande com os caciques políticos e seus protegidos. As forças fiscalizadoras e judiciais são quebradas quando os políticos acusados fazem parte do grande esquema, uma confraria que se deleita com os desvios da lei como forma de beneficiar grupos ou enriquecer ilicitamente.

Em consequência disso, Roraima é cheio de “elefantes brancos” que logo se transformam em carcaças de prédios abandonados ao descaso ou por falta de uso prático. Sem qualquer dúvida, obras que se enquadram nesse aspecto serviram para alimentar a corrupção que consome os cofres públicos nesses esquemas enraizados no Estado. 

Existem outras artimanhas arquitetadas por esses tipos de política, a exemplo das orlas no Rio Branco em Boa Vista e na cidade de Caracaraí, a Centro-Sul do Estado. Nessas duas obras, é possível ver, em tempos de verão, pilastras de plataformas que não chegaram a ser erguidas. 

Corroborando com os órgãos fiscalizadores e a própria Justiça, que acham que está tudo normal, não há qualquer explicação dentro da lógica para justificar pilastras inacabadas que desaparecem dentro das águas do rio. 

Apenas “erro” de projeto?!  E quem irá pagar por esse erro, já que significou recurso público desperdiçado e plataformas que deixaram de ser construídas? 

E assim os esquemas vão se multiplicando no esquecimento. Quem costuma andar por Boa Vista percebe, se tiver um pouco mais de atenção, inúmeras obras abandonadas nos bairros.  E são várias, que vão de delegacia a escolas. Pelo cenário, parece que esta realidade não incomoda quem deveria, pois além de ficarem largadas, no esquecimento, as “carcaças do bem público” não despertam a atenção dos fiscais do patrimônio público.
Quando as raras denúncias sobre esses “elefantes” e “carcaças” chegam ao nível do Judiciário, logo encontram uma saída para não punir ninguém, para livrar das acusações os políticos que fazem parte desse grande esquema chamado “Estado de Roubaima”. Afinal, a confraria precisa continuar com seus desmandos, pois é assim que os malfeitores se locupletam do bem público.

Continuar no poder faz parte do grande conluio  que existe, principalmente quando se trata de manter candidaturas em período eleitoral. Quem terá coragem de impedir a candidatura de um dos membros desse grande esquema? Quem?!

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

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