Do coronel à política

Imagem: vincenzo606.blogspot.com


O repugnante caso do coronel reformado, que foi preso acusado de pedofilia, no Rio de Janeiro, tem um dado importante além dos crimes sexuais contra inocentes crianças. Em 2014, ele foi candidato a deputado federal, numa tentativa de conseguir não apenas mais poder, mas também ter um escudo por meio da imunidade parlamentar.

A política tornou-se esse ninho de víboras que serve para acolher todo tipo de bandido que buscam não apenas enriquecer ilicitamente, mas também almejam um pedestal inalcançável às garras da Justiça, a qual não consegue alcançar os principais bandidos da Nação em todos os níveis.

É esta finalidade que leva os desonestos, os aproveitadores, os fraudadores, os corruptos, salafrários (aprendi essa palavra com minha mãe) e bandidos de toda espécie a buscarem um mandato por meio do voto. O coronel pedófilo é tão somente um desses ordinários que se travestem de candidatos em tempos eleitorais.

O Horário Eleitoral Gratuito está cheio de gente dessa e de outras espécies, a exemplo de empresários que exploram seus empregados, mas prometem  emprego e renda justos, ou empresários que chutaram os artistas a vida toda, sem fomentar um evento ou ir sequer a uma casa de eventos regionais, mas promete ser “o cara” que vai incentivar a arte e a cultura.

Na campanha eleitoral desfilam candidatos e candidatas com uma lista interminável de acusações criminais, de fazer inveja a Fernandinho Beira-Mar, mas que se passam de bons políticos, de pessoas que vão ajudar Boa Vista a se desenvolver. Existe até quem sequer tenha uma residência fixa na Capital, mas se habilita a ser o amor em pessoa a esta terra. 

Essa é a política partidária brasileira. E não adianta os cidadãos de bem exclamarem que vão entrar na disputa tentar moralizar a política, pois são os bandidos que dominam as siglas partidárias, decidindo quem deve ou não ser candidato. É mais fácil um coronel pedófilo conseguir “passar” na convenção partidária do que um bem intencionado cidadão pai de família.

Sendo assim, para começar a desratizar a política, de verdade, em primeiro lugar, é preciso uma legislação eleitoral que liberte as siglas partidárias das mãos dos bandidos, permitindo que um cidadão sem influência de grupos e sem dinheiro possa concorrer em igualdade de condições de forma independente. 

Mas isso os safados, os ordinários (também aprendi com minha mãe), os larápios, ratazanas e surrupiadores na Nação jamais vão permitir. Se a Justiça não agir lá em cima e o cidadão não apertar aqui em baixo, o Brasil continuará esse país entregue aos bandidos de toda espécie. 

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

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