Em tempo de Lava Jato


Essa está sendo a primeira campanha eleitoral depois da existência da Operação Lava Jato, que levou à prisão de políticos e cassação de parlamentares corruptos. E ocorre no exato momento em que políticos sabidamente ladrões se apresentaram como juízes para julgar o impeachment de uma presidente que “pedalou” igualmente com os demais mandatários do país.

Ao ligar a TV para assistir ao Horário Eleitoral Gratuito (algumas cenas nos remete ao Hilário Eleitoral), já dá para perceber a mudança de comportamento de alguns políticos apontados como profissionais. Assim como os políticos agiram em seus discursos na hora do impeachment, aqui também estão apelando para Deus, voz embargada para parecer de choro e pose de honestidade que eles não têm.

Mas o que chama muito a atenção de quem conhece esses meandros da política é a divulgação de seus feitos como se fossem extraordinários, como se esses políticos estivessem fazendo algo fora do comum, quando as ações à frente de um cargo público são obrigações que um político recebe quando se elege e que, para isso, é muito bem pago.

E diga-se de passagem: foram necessários anos de sofrimento por parte da população e de assalto sem trégua aos cofres públicos, os enriquecendo e empanturrando empreiteiras com seus “caixa dois”, para que tais políticos começassem a fazer alguma coisa por Boa Vista.

Há pelo menos uma década era para a Capital de Roraima já ser exemplo para o mundo, sem valas, sem alagações permanentes, com iluminação em todos os bairros, asfalto e calçamento, todas (sim: Todas) as praças impecáveis, creche, postos de saúde funcionando e prevenindo doenças, crianças sem desnutrição e servidores públicos sendo respeitados.

Mas não foi isso o que aconteceu. Os políticos primeiro encheram seus bolsos e suas contas correntes, acumularam patrimônios em outros estados e encheram-se de poder para somente depois, em ano eleitoral, começarem a mostrar serviço, fazendo obras que já deveriam ter sido feitas há muito tempo, pois montanhas de recursos federais chegaram a rodo por aqui.

Em tempo de Lava Jato, a campanha eleitoral dos corruptos vem com tom de maquiagem mais forte, em nome de Deus, os colocando como feitores e bem feitores, fazendo a população crer que ele, o eleitor, é dependente dessas ações (tardias) para a vida melhorar.

Porém, o que esses políticos achacaram dos cofres públicos não caberia em alguns minutos de propaganda eleitoral no rádio e na TV. E suas listas de processos judiciais por desmandos com o bem público são muito maiores do que a de qualquer um desses bandidos que se dizem integrantes de facção criminosa. É tempo de os caras-de-pau se recriarem...

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

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