Galinha depenada

Foto: Google


A constatação em Roraima: a galinha dos ovos de ouro mirrou. Foram muitos anos de roubalheira, administrações sem planos e projetos, com muita gastança, desperdício, sem contenção de gastos e, como diriam os mais antigos, tirando dinheiro como se fosse folha em árvores. Misturaram os cofres públicos com as contas correntes pessoais. 

Apostamos em um governo que prometeu zerar tudo, fazer uma auditoria e enviar o resultado para os órgãos fiscalizadores e para a polícia. Mas quem disse? Como nada disso aconteceu, o caos não demorou a se agravar, chegando ao que estamos chamando de “crise do duodécimo”, pois o governo afirma que não tem mais como repassar a fatia do bolo do recurso que chega dos cofres federais para cada poder.

Obviamente quem sempre paga o pato é o povo, pois os poderes constituídos estão falando de falta de recursos para honrar seus compromissos financeiros com empresas e pagamento de servidores e o não pagamento de benefícios. 

Mas que ninguém se engane. A galinha dos ovos de ouro do poder público nunca morre. Ela fica magrinha, depenada, só arquejando, mas não morre. É por isso que os grupos políticos se esfolam brigando pelo poder, mesmo que os cofres estejam vazios, porque eles logo estarão cheios de novo, com o dinheiro de nossos impostos recolhidos religiosamente. 

Que ninguém esqueça que já deixaram a Prefeitura de Boa Vista minguando, na administração passada, quando cortaram os recursos em Brasília. Mas o mesmo grupo que fez fechar a torneira para os cofres do município brigou por ele e se elegeu, pois ele sabia como alimentar a galinha dos ovos de ouro outra vez. 

Essa crise no Estado anunciada como tragédia não tem como foco tão somente o corte de recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE) ou a falta de repasse do duodécimo. Ela tem raízes profundas fincadas lá atrás, com tanta gastança e desregramento do dinheiro público, além da corrupção que desgraçou esta terra que era (ou é) cheia de esperanças.

Foram muita farra e desregramento ao longo dos governos. Ninguém economizou, nem regulou, consertou ou regulamentou. Muitos contratos milionários para obras e serviços nem tão caros assim. Gastança com cargos para apadrinhados e familiares. Gente ficando rica do dia para noite, comprando mansões, carrões e dizem que até... bem... deixa pra lá. 

E isso só seria amenizado com uma austera política de cortes e contenções, de vergonha na cara, de política séria, de alguém pensando no povo, e não apenas em seu próprio bolso. Mas não há interessados em resolver isso, pois o povo, na hora de votar, esquece da fila no hospital, dos buracos nas ruas, da escola caindo aos pedaços, da insegurança, dos presídios dominados por presos, do trânsito caótico, das mortes, das desgraças, do lixo, da lama e dos roubos aos cofres públicos... 

P.S.; Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 

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