Cada um por si...


A questão do sistema prisional se arrasta por décadas, sem que nenhum governo tenha tomado uma atitude para resolver os problemas. E não haveria outra realidade senão esta que estamos vivenciando: o colapso completo dos presídios, com detentos empoderados por suas próprias leis e agindo por ordens do crime organizado vindas do Rio de Janeiro e São Paulo.

Os criminosos estão mais organizados do que nossas autoridades, que tentam remendar os trapos de um presídio condenado à implosão. Não há outra saída senão construir urgentemente um presídio que consiga segregar da sociedade os criminosos que afrontam o poder, impedindo que o sistema prisional se torne uma “universidade do crime”, onde sujeito entra como ladrão de galinha e sai como líder de facção.

O que mais chama a atenção é que todas as autoridades estavam sabendo da realidade e foram avisadas sistematicamente de que essa carnificina iria acontecer a qualquer momento. Mas, como ninguém fez absolutamente nada, restou se cumprir aquilo que vinha sendo desenhado dentro da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc).

Que ninguém pense que a sociedade conseguiu se livrar de uma dezena de bandidos. Nós, contribuintes pagadores de impostos, vamos pagar muito caro por isso, pois os cofres do governo terão que indenizar as famílias dos presos trucidados na tarde de domingo, na Pamc, caso elas recorram à Justiça – e com certeza irão. 

Com um Estado falido, corroído pela corrupção e pelos desmandos administrativos, será muito difícil pensar numa saída a curto prazo para o sistema prisional. As autoridades terão que ficar remendando os trapos até que se consiga construir um novo presídio, algo difícil de imaginar nas atuais circunstâncias de crise vivida pelo país. 

O problema é que os governantes só tomam alguma atitude quando ocorre uma tragédia, forçando as autoridades a saírem da zona de conforto para mostrar que estão agindo. Quando a situação se acalma e os holofotes da imprensa se direcionam para outros assuntos, tudo volta ao silêncio e à mesmice da imobilidade.

Mas o fato é que não há como adiar mais esse problema. O sistema faliu, os bandidos mostraram que têm poder, o governo está quebrado e a sociedade refém da criminalidade que parte de dentro dos presídios. Do outro lado, os políticos estão mais preocupados com seus problemas judiciais do que com as aflições da sociedade. É uma equação de difícil solução. 

Isso significa que a guerra no presídio vai continuar, independente de que decisão for tomada pelas autoridades, com servidores e policiais tentando fazer o possível para segurar o que se mostra insustentável e criminosos ávidos por vingança e mais sangue. Salve-se quem puder!

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