Caribe e o carvalho



O aniversário de 28 anos de emancipação do Estado de Roraima passou em brancas nuvens pelas principais autoridades que comandam esta terra. A alegação é a crise, o contexto econômico do país e blá-blá-blá... Mas isto não procede. O silêncio sobre esta data importante para quem aqui mora ou escolheu para viver é porque as urnas já foram encerradas e não interessa mais aos políticos ficar fazendo discurso ou festa para o povo.

O fato é que não há ninguém com pensamento de estadista, ou seja, pensando para preparar o futuro desse Estado. Ficam na mentira de que somos um “Estado do futuro”, “porta para o Caribe”, “terra de oportunidades” e outros jargões que vêm sendo repetidos há anos, antes mesmo de Roraima virar Estado. 

Além das mentiras de sempre, há quem mantenha os antigos discursos que não se sustentam nos dias atuais, a exemplo de um político que andou repetindo o mantra de “abrir novos garimpos”, como se ainda vivêssemos na Era da “febre do ouro”, quando Roraima viveu a “lei da bala” e das grandes máfias que levaram toda riqueza embora e nos deixaram os estragos no meio ambiente e a pobreza na periferia de Boa Vista.

Nesses tempos, enquanto ficavam pregando discursos vazios e mentirosos, culpando os índios por tudo, defendendo garimpo predatório e inventando invasão dos norte-americanos (parece até piada, mas isso foi muito forte por aqui), não cuidaram sequer de montar uma matriz energética para o Estado, resultando como consequência esta crise que vivemos atualmente, dependendo da falida Venezuela em meio aos apagões que não conseguem ser remediados com as termelétricas que custam caro e que poluem o meio ambiente.

Além de não fazerem o dever de casa, quebraram os cofres públicos, nos endividaram até a próxima geração e surrupiaram inclusive os recursos federais que deveriam ter sido utilizados para sanear a empresa energética estadual que, bem ou mal, leva a chamada energia social para o homem do campo e para as áreas indígenas.

Ou seja, as autoridades não se movimentaram para comemorar os 28 anos de Roraima porque não precisam mais mentir para ganhar o voto do eleitor, este que é engabelado a cada pleito e a cada discurso mentiroso de que somos um “Estado promissor”, sem que eles, os políticos, comprovem isso por seus atos e práticas.

E o roraimense acaba acreditando em todas as falácias e aceitando que, se estamos sem perspectiva, é por culpa da “crise”. Então, sendo assim, preferimos acreditar que somos mesmo a “porta para o Caribe”, pois, se não crermos nisso, nos resta a achar que somos a “porta para a casa do carvalho”... se é que vocês me entendem...

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

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