Cenário sombrio


Não há políticos e governantes inocentes neste episódio de pagamento parcelado dos servidores públicos do Governo do Estado. A atual administração recebeu um Estado quebrado, mas isto não significa que o grupo está inocente ou vítima da administração anterior, como seus integrantes vinham pregando desde que assumiu a condução do governo.

Já que não tomou as medidas saneadoras necessárias, a bomba de efeito retardado estourou agora. Esta administração, ao optar por empurrar com a barriga, permitiu que o cenário, que já era ruim, se tornasse insustentável. Então, obviamente que a corda só arrebentaria do lado mais fraco, neste caso, no lombo dos servidores.

Mas este fato não isenta os governantes anteriores, a exemplo de empréstimos bilionários feitos na administração do então governador Anchieta Junior, o que obriga o Estado a arcar com R$20 milhões mensais. Foram quase R$220 milhões em dívidas deixadas, e isso sem contar com as contas atrasadas.

Ao sair para concorrer ao Senado, em 2014, quando Anchieta deixou o governo nas mãos do seu vice, Chico Rodrigues, a situação já estava de terra arrasada, com tudo fora de controle e contas atrasadas: água, luz, telefone, internet, alugueis, transporte escolar e fornecedores. E o mentor daquele governo todos sabemos: o senador Romero Jucá (PMDB).

Jucá inclusive indicou o vice na chapa de Chico Rodrigues, o seu filho Rodrigo Jucá. Eles perderam o pleito e a situação já estava tão complicada que Chico Rodrigues entregou o governo sem pagar o salário de dezembro de 2014, que foi honrada pela atual administração de Suely Campos em janeiro de 2015, e com todas as contas também atrasadas.

A partir daí, todos já sabemos no que deu, com essa administração jogando a culpa nas administrações anteriores, remendando roupa velha, sem adotar medidas severas e necessárias, com as mesmas farras continuando, isso sem contar com um governo sem comando, pois seu líder maior até hoje tenta se livrar da Justiça.

Não só isso. Os demais poderes também não cumpriram sua parte em reduzir sua voracidade por gordos recursos, principalmente com folha de pagamento e regalias das mais diversas formas, banquetes estes que exigem cada vez mais recursos. 

Inclui-se aí a corrupção, que consome os cofres públicos de longas datas, nos mais diversos grupos políticos, em esquemas inimagináveis para seres comuns que não conhecem os meandros do poder. Somam-se os esquemas propiciados pelo toma-la-dá-cá de apoio político, mensalinhos e mensalões. 

Então, não há inocente nesse episódio trágico para o funcionalismo, porém é ele próprio - o servidor, o pai e a mãe de família - que está pagando pelas farras, desmandos, corrupção e incompetência administrativa. Enquanto isso, os causadores da desgraça continuam livres porque a Justiça nunca os alcança e quem chega ao poder protege a “caixa-preta”. 

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 



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