Esperando por São Paulo

Imagem: Google


São Paulo veio nos trazer uma lição. Por lá, os eleitores decidiram que queriam um bilionário como prefeito, o qual fez uma campanha eleitoral pregando o antipolítico, ou seja, dizia que não era político e que estava disposto a fazer o que os políticos de carreira nunca fizeram.

Logo, o prefeito eleito de São Paulo é a concretização do discurso de que um empresário bem-sucedido, que sabe administrar suas próprias riquezas e que não precisaria roubar, poderia ser a saída para os desmandos a que se meteu a política partidária. 

O Brasil anda tão esculhambado e incerto que não é mais possível fazer uma análise de conjuntura com segurança. Nem se pode mais dizer que apenas o iletrado cai nas armadilhas do “mais rico”, do “mais bonito”, do “mais autoritário”, do “bom de papo”, pois o processo de impeachment que acabamos de viver terminou por revelar gente metida a intelectual que passou a defender Bolsonaro como saída para o Brasil.

As redes sociais mostraram que não é apenas o “peão de obra”, na mesa de bar, que pode aos socos e pontapés quando não perde os argumentos para defender suas ideias. Os que se mostram letrados e cultos descem ao mais baixo nível, fazendo inveja às meretrizes, quando perdem no argumento ou quando querem sobrepor seu ponto de vista.

E não se trata somente de um comportamento local, de brasileiro com “complexo de vira-lata”. Nos Estados Unidos, onde se tem a concepção de um povo mais desenvolvido intelectualmente e financeiramente, a Era de Donald Trump mostra que esse movimento de retrocesso é mundial. Eles têm os defensores de Trump, e nós os adoradores de Bolsonaro.

Não é mais somente o pobre que odeia pobre, que só respeita quando um coronel (de farda ou não) grita, que só escuta quando é um rico ou famoso televisivo está falando. Agora é o moço universitário, o classe média do panelaço, o rico que diz que não gosta de política. 

São os racistas, os xenófobos, os preconceituosos, os homofóbicos e trogloditas que não se envergonham mais de opinar e defender ferozmente seus posicionamentos nas redes sociais. Eles não se escondem mais. E atacam abertamente qualquer um que pense diferente ou que defende os direitos humanos e as minorias.

A votação em São Paulo é para servir de reflexão. Um bilionário, famoso e antipolítico pode fazer melhor pelo povo? Alguém distante da realidade dos mais pobres terá sensibilidade para resolver os problemas da pobreza? Ou quem tem dinheiro vai querer sempre mais dinheiro? Vai sempre defender os que têm mais dinheiro? 

Com tanta coisa acontecendo no Brasil, não é mais possível responder isso de bate-pronto. É esperar o que virá da maior capital brasileira e da América Latina.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 


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