Esperar e orar

Foto: Google


Embora a disputa eleitoral seja a mesma, há uma diferença da votação para a Prefeitura de Boa Vista e para a Câmara Municipal de Boa Vista. O voto para um candidato a vereador não pode ser visto como de protesto de um cidadão insatisfeito com o quadro político ou visualizando uma conjuntura. E, no geral, está longe de ser aquele consciente.

As pessoas têm votado para vereador pelo compadrio, por favores ou ações sociais, por amizade ou mesmo querendo levar alguma vantagem futura. Não que seja errado votar no conhecido, no amigo do amigo, naquele que ajudou nos momentos mais cruciais.

O problema é que se vota achando que um político tem o papel exclusivo de ajudar como se fosse um bom samaritano, seja distribuindo sopa, fazendo ações sociais ou mesmo realizando atendimentos médicos ou outro tipo de ação que não seja o do verdadeiro papel de um parlamentar.

A consequência disso é que o povo terá um bom assistencialista no poder, talvez até um bom amigo ou bom amigo do amigo, porém, um péssimo parlamentar legislador e fiscalizador; e, nos mais terríveis casos, terá até um vereador que se vende facilmente ao ouvir o “canto da sereia”.

Todos vimos o que acontece quando pessoas despreparadas para o papel de legislador ocupam o poder. A Câmara Municipal de Boa Vista foi parar na TV, em nível nacional, no Fantástico, como o maior balcão de negócios com verbas rescisórias. Por isso mesmo não voltarão, em sua maioria, a ocupar os cargos por decisão do voto nas urnas.

Com uma renovação de mais de 70%, agora queremos saber se estes novos eleitos vão se comportar como parlamentares em defesa do povo. Ou se vai valer a força dos escolhidos pelo compadrio, pela religião, pelo assistencialismo ou pela lábia, se colocando como marionetes, transformando aquela Casa em jogo de interesses particulares e de grupos.

É difícil transformar a realidade política, pois a base de toda pirâmide política é construída com uma forma de votar sem levar em conta o verdadeiro papel de um parlamentar. Então, aquele voto inocente ou por interesse pessoal será transformado em uma poderosa arma de interesses escusos e de corrupção. 
Desta forma o ciclo é mantido, pois são os vereadores que ajudarão a eleger os demais políticos que compõem a pirâmide que governa o país. Afinal, os chamados “votos conscientes”, que elegem aqueles realmente preparados para exercer o papel de legislador e fiscal do povo, acabam sendo esmagadora minoria ou não ganham a ressonância e a força necessárias para fazer frente a esta engrenagem corrompida, trituradora de gente. 

Desta forma segue a política. É esperar, agora, o que virá da Câmara de Boa Vista. Já sabemos que o poder corrompe. Mas queremos acreditar na dignidade humana acima de qualquer interesse. E, para os religiosos, é bom orar também...

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

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