Mesmice eleitoral


Na reta final da campanha eleitoral, a constatação é uma só: os mesmos políticos, com as mesmas promessas e requentando as mesmas mentiras.  E todos eles de olho em 2018, quando estará em disputa as chaves dos cofres do Estado. A candidata que já se diz eleita sequer cumpriu o que prometeu na campanha passada e se encaminha para ser o braço das pretensões jucarianas de acumular todo o poder em suas mãos daqui a dois anos.

E assim vamos caminhando para mais uma votação depois da mobilização nacional contra a corrupção, cujos panelaços ecoavam nas redes sociais se apresentando como a chegada de uma nova realidade no Brasil. Mas, quem disse? Os corruptos de sempre continuam comandando não só as pesquisas, mas a forma de se fazer política.

Não se pode esperar muito de uma eleição em que as velhas raposas são privilegiadas pela legislação eleitoral, a exemplo da garantia de mais tempo no Horário Eleitoral Gratuito. Tudo é feito para que os poderosos de sempre tenham tudo sob controle, inclusive as siglas partidárias de aluguel que possibilitam mais tempo na TV e no rádio.

Nas redes sociais, os eleitores do panelaço mostram seu cinismo, pois, ao mesmo tempo em que bradam contra a corrução, eles estão com suas fotos com o número de candidatos envolvidos em desmandos de toda ordem.  Eles votam na base do “meu malvado favorito” e se posicionam como críticos de acordo não com suas convicções políticas, mas com seus interesses pessoais.

Há um conluio dos corruptos com os corruptíveis. Os eleitores sentem falta da compra de voto aberta, como era até bem pouco tempo, essa é a verdade. Mas a esperança é que a faxina moral se amplie cada vez mais. Já foi bem pior. O avanço da tecnologia permitiu abrir um amplo campo de transformação, com a sociedade podendo alargar sua visão sobre seus atos, os quais passaram a ser debatidos abertamente e online.

É nisso que repousa essa esperança de transformação, na possibilidade de que o cidadão se perceba como um agente de transformação, notando que ele não mais tem somente o poder do voto nas mãos, mas também um instrumento forte da democracia, que é um espaço de debate por meio da internet, a partir da qual os conflitos e embates podem abrir novas frentes de realidade. 

Quem sabe esses conflitos de ideias que se acirram nas redes sociais possam construir novos pensamentos e cidadãos mais comprometidos em observar a sociedade com um olhar crítico, se livrando de antigas amarras que torna a pessoa um joguete nessa grande engrenagem eleitoral que tritura gente e sonhos. O momento não é de vitória, mas de transição. O caminho é longo e doloroso.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 

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