Sinal vermelho



Durante uma visita de duas turmas da Escola Fundação Bradesco, na semana passada, um fato que chamou a atenção foi que algumas crianças mostraram-se cientes de que as redes sociais, com destaque para o Facebook, e o WhatsApp servem como veículos de disseminação de mentiras ou informações deturpadas para favorecer ou prejudicar alguém. Uma garotinha chegou a comentar sobre fofocas criadas com a intenção de também prejudicar as pessoas.

Esse tema veio bem a calhar a respeito da enxurrada de mentiras que vem sendo criada e disseminada há alguns meses com a intenção clara de confundir a opinião pública sobre o processo político brasileiro, principalmente para legitimar o governo Temer, que se mostrou loteado por corruptos de várias espécies, os quais vêm se mantendo desde antigos governos.

Se muita gente aparentemente madura, já com idade de ter acrescentado em sua vida uma visão crítica do mundo, vem caindo nessa massiva e orquestrada mentira, que está sendo disseminada principalmente por meio do Facebook, isso dá a dimensão da vulnerabilidade da infância e da adolescência diante desta realidade.

Esse é o grande desafio dos pais e dos educadores: fazer com que a infância não se torne vítima dessa avalanche de notícias falsas na Internet, visando não apenas confundir a opinião pública, mas criar uma legião de gente passível de ser manipulada a qualquer mentira ou alarde falso. 

Mas esse não é um desafio apenas do Brasil. O sinal vermelho foi ligado nos Estados Unidos, país onde quase metade da população tem no Facebook a principal fonte de informação. O problema veio à tona durante a campanha eleitoral norte-americana, quando uma guerrilha foi montada a partir de links que levavam para sites mentirosos.

No Brasil, essa prática vem sendo usada há tempos, mas nunca foi combatida de forma veemente. Nos EUA, abriu-se a discussão sobre a responsabilidade das empresas como Facebook ou Google, que estão sendo cobradas para que tomem providências, sob o risco de caírem no descrédito. As gigantes da rede estão sendo pressionadas a criarem controles para separar a verdade da mentira, uma missão quase impossível.

Enquanto as multinacionais responsáveis pelas redes sociais e serviços de buscas são acossadas a agir, por aqui, no Brasil, é bom que pais e educadores tomem essa dianteira a fim de alertar sobre os perigos na internet. Não se trata mais de apenas livrar nossos filhos da pornografia, do ódio e do racismo.

Agora há necessidade de aprendermos a despertar o senso crítico a fim de que nossa sociedade não fique refém dos bandidos da política, para que as pessoas aprendam desde cedo a separar o que é informação do que é uma elaboração mentirosa, visando a manipular a opinião pública para que a sociedade passe a defender ou a ficar passiva diante da mentira, dos corruptos, dos manipuladores, dos xenófobos, dos racistas, dos inescrupulosos e criminosos de toda estirpe que circulam na grande rede.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 

jesseroraima@hotmail.com

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Damurida com Xibé

Deputado federal na mira da Operação Arcanjo

Filha de magistrado é servidora do governo, mas mora em Goiânia