Alerta que vem do Norte


O garimpo ilegal avança na Terra Indígena Yanomami, mais precisamente na calha do Rio Uraricoera, ao Norte do Estado. Como temos uma sociedade que foi incitada a ser anti-indígena, por meio de uma campanha orquestrada e incisiva feita por políticos e pelos governos locais, muitos podem querer considerar que esse é um problema que não diz respeito à sociedade roraimense e que o garimpo até seria uma alternativa para o desemprego.

Mas não é bem assim. Não se trata tão somente de um garimpo ilegal que destrói o meio ambiente dentro de uma terra indígena. Trata-se de uma ação predatória e perigosa no principal afluente do nosso Rio Branco, que abastece Boa Vista e outras cidades com água potável e também é fonte de vida para pescadores e famílias ribeirinhas, de Norte a Sul.

Devido a essa exploração predatória e ilegal, nosso principal manancial de água potável está sob ameaça no Uraricoera, com o leito do rio sendo escavado e revirado, com sua mata ciliar (que é a proteção dos rios) destruída e, pior ainda, com o uso de mercúrio que polui o meio ambiente, contamina peixes e que pode causar doenças sérias nos seres humanos, inclusive podendo levar à morte.

Até agora não se viu as autoridades preocupadas com isso e mobilizadas para encarar o problema, já que se trata de nosso maior patrimônio que pode existir acima dos minérios e das riquezas biológicas: a água potável. O caso é muito sério e grave, mas não tem sensibilizado quem deveria fiscalizar e combater essa ilegalidade.

A questão agora não é somente proteger os índios Yanomami, a mais isolada das etnias, e o meio ambiente. Nem o assunto pode ser tratado como um “simples alerta de ambientalistas desocupados”. Diz respeito ao bem-estar e a sobrevivência futura de toda população do Estado. Ou já se esqueceram do exemplo de São Paulo, que vem enfrentando as piores crises de abastecimento de água e de energia elétrica porque, no passado, permitiu destruir seus principais mananciais?

É preciso cobrar do Governo Federal, com destaque a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Polícia Federal (PF), para que haja de forma rápida e eficiente para frear a garimpagem ilegal no Rio Uraricoera. Ou se extirpa de vez a garimpagem nessa região ou vamos pagar um preço muito caro em um futuro bem próximo.

Ou será que todos vão continuar pensando de forma preconceituosa e discriminatória, achando que esse é um problema apenas dos índios, das Ongs e dos ambientalistas?

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

jesseroraima@hotmail.com

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