A empresa de R$12 milhões do marido da prefeita no bairro Cidade Satélite

Fazenda de mogno instalada no imenso latifúndio urbano de Teresa Surita (Foto: Reprodução)



Enquanto manda fechar comércio, empresa na fazenda da prefeita já retomou atividades (Foto: Reprodução)


Estudantes foram retirados de sala de aula só para participar de reportagem (Foto: Divulgação)



Uma ampla reportagem divulgada na edição deste domingo, no Programa Globo Rural, mostrou o projeto milionário que foi implantado no latifúndio urbano de propriedade da prefeita Teresa Surita (MDB), no bairro Cidade Satélite, onde ela mora,  comandado pelo marido dela e o cunhado. Trata-se de uma fazenda de plantio de mogno africano, hoje com dois mil hectares plantados, empreendimento avaliado em R$12 milhões, dinheiro já investido até os dias de hoje.

É muita grana para um projeto com retorno financeiro somente a partir de 20 anos, que por coincidência é o tempo que Teresa está no comando da Prefeitura de Boa Vista. O marido dela, Marcelo Guimarães, disse na entrevista que essa montanha de dinheiro gasto no plantio de mogno viria de “crédito de reposição” pelo plantio, o que significa que a prefeita está casada com um sujeito, um ex-comunista, que sabe fazer dinheiro! Vender crédito de reposição não é para qualquer um.

Além da vultosa soma investida no empreendimento, montado no quintal da prefeita, o que chamou a atenção na reportagem é que os trabalhos na fazenda foram suspensos somente por um mês devido à quarentena, mas a empresa já está funcionando a todo vapor, com uso de máscara pelos funcionários e mantendo o distanciamento social. Contraditoriamente, Teresa não permite que o comércio e os demais negócios funcionem na Capital, ainda que adotando as medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde, conforme está sendo feito  na fazenda dela. Para o povo não pode; para a empresa do marido pode.

Aos trabalhadores de sua fazenda, Teresa não vê risco algum diante do avanço do coronavírus. Os funcionários são mais de 50% de nacionalidade venezuelana, mão de obra farta e barata diante da migração desordenada, especialmente naquele bairro. E lá ninguém fiscaliza porque, na entrada da propriedade, há uma guarita ocupada constantemente por dois guardas municipais que trabalham como vigilantes de luxo da prefeita e, de quebra, do empreendimento do marido.

A polícia é amiga da fazenda porque lá existe um estande de tiros onde os policiais podem treinar à vontade, o que significa presença constante de forças policiais na propriedade, ainda que de maneira não oficial. A fazenda ainda é monitorada por drones, conforme mostrou a reportagem do Globo Rural.

Para mostrar à TV Globo que os planos do negócio do marido são ousados, crianças da rede municipal de ensino foram retiradas de sala de aula para uma visita à fazenda da prefeita, a fim de conhecer o projeto e os inventos criados por Guimarães destinados a automatizar o plantio. É a antiga fórmula de montar cenários para uma grande reportagem com a finalidade de impressionar.

Pelas imagens da fazenda é possível imaginar por que que Teresa desapareceu dos locais públicos em seu  isolamento. Na sua fazenda, onde ela mantém a quarentena, há de tudo para supri-la, com 27 funcionários, sendo 15 deles venezuelanos. Há segurança reforçada, monitoramento por drones, academia de ginástica particular, piscina coberta e muita mordomia. Que pai ou mãe de família iria querer sair de casa com todas essas condições? Mas Teresa parece esquecer-se que é a prefeita de Boa Vista e que por obrigação deveria estar encarando a realidade dos postos de saúde a fim de não permitir que pessoas sofram na fila. Mas nem isso.

Depois que Boa Vista ofereceu tudo a Teresa desde que ela chegou por aqui, no final de década de 1980, como primeira-dama do então governador Romero Jucá, hoje ex-senador, parece ter chegado a vez de seu novo marido. Em dois anos, o marido da prefeita já tem um empreendimento no quintal da sua esposa onde já foram investidos R$12 milhões!  Uma pena que a Prefeitura de Boa Vista não disponha dessa inteligência e dessa astúcia para abrandar o sofrimento do povo. A realidade do povo em Boa Vista é ficar trancado dentro de casa, sem poder trabalhar, e sem testes e remédios nos postos de saúde nem vaga nos hospitais.

*Colunista

P,S.: Publicação original no Portal Roraima 1, no dia 15.06.2020 (veja aqui)


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