A guerra política, seus reflexos e a situação do povo morrendo vítima do coronavírus

Ex-senador Romero Jucá, governador Antonio Denarium e prefeita Teresa Surita: guerra política em plena pandemia (Fotos: Divulgação)


O governador Antonio Denarium (sem partido) já tomou consciência de que não poderia continuar governando sob o jugo do núcleo empresarial que o criou e bancou sua eleição. O início de seu governo até acendeu uma ponta de esperança em quem confiou nas suas propostas, quando ele assumiu como interventor e pagou o salário atrasado do funcionalismo público.

Mas sua prosperidade empresarial conquistada com a soja e a pecuária esbarrou na sua inexperiência política e administrativa para conduzir uma máquina pública pesada e viciada. Na medida em que tentava avançar na sua proposta de nova matriz econômica, permitiu que parte de seu núcleo empresarial montasse um governo paralelo, que ajudava a manter os esquemas na saúde pública.

A chegada da pandemia só piorou o que já vinha ruim desde de governos passados na saúde. Foi uma tragédia com seguidas trocas de secretários de Saúde até o estouro do escândalo da compra superfaturada de respiradores. Não havia mais como sustentar isso, e logo surgiram vozes para uma intervenção federal.

A prefeita Teresa Surita (MDB) achava que iria sapatear politicamente em cima disso, porque a desgraça de Denarium seria um grande trampolim para suas pretensões políticas, pois ela pretende usar os tropeços do governador para tentar dizer que o Estado precisa de seu grupo político, especialmente de seu mentor e mestre, o ex-senador Romero Jucá (MDB).

Teresa só não contava que os tempos são os outros. Achava que não haveria ninguém para chama-la à realidade diante do avanço do coronavírus, cuja responsabilidade primeira com o paciente é do atendimento básico, nos postos de saúde, para evitar que a doença avançe e empurre o doente para morrer no caótico Hospital Geral de Roraima (HGR). Era tudo perfeito para o grupo de Teresa e Jucá.

Até então, a prefeita fazia uma disputa política com o governo, achando que ela não seria chamada à responsabilidade por não ter investido durante 20 anos na saúde pública e por não assumir a ponta no atendimento dos pacientes antes que o vírus não comprometesse a vida das pessoas.

E foi essa desassistência nos postos de saúde, que fecham em feriados, pontos facultativos, dias santos, aleluia e fins de semana, que empurrou o roraimense para o auge desta tragédia diária de mortes pela Covid-19.

Teresa teve que se mexer na sua bolha virtual, mesmo sem sair dela, para assumir suas responsabilidades, ainda que de forma desorientada. Teve que estruturar o atendimento básico, ainda que tardio, além de assumir uma postura para ajudar na abertura e na continuidade dos serviços no Hospital de Campanha.

A dívida do grupo de Teresa e Jucá é grande com o atendimento básico e disso eles não podem se livrar. Ainda assim, tentaram engabelar a opinião pública, quando tentavam culpar apenas Denarium, mas não paralisaram as obras milionárias que ajudam grandes empreiteiras e mais gente a faturar alto. Eles vão sair ricos, enquanto o povo continua mais pobre, inclusive muitos sem poder trabalhar e outros em luto eterno por seus entes que sucumbiram aos vírus.

A máscara só começou a cair quando Teresa tentou comprar o terreno a preço estratosférico de um antigo aliado político do grupo de Jucá, por R$2,8 milhões! E isso depois do aliado fazer severas críticas a Denarium. Pasmem: numa compra sob o manto emergencial e sem licitação, em plena pandemia, quando todas as ações de governos deveriam estar voltadas ao combate ao coronavírus e quando todas as atenções do povo estão voltadas a esta doença.

Teresa e Jucá acham que tudo podem. Sempre acharam, e Jucá fazia de tudo para servir e ser servido por todos os presidentes, inclusive os do PT, de cujo governo também foi líder só para manter seus joguetes. Teresa estava na escola e aprendeu bem. Acha que é autossuficiente na política e que pode continuar surfando na onda das últimas eleições na qual teve uma votação surpreendente.

Ela se achou tão autossuficiente que atropela aliados na Câmara de Vereadores, esnoba deputados estaduais e até praticou traições abertas na disputa ao Governo do Estado. E ainda acha que tudo pode. Só não contava que Denarium deixasse de ser seu vudu político, cuja desgraça ela pudesse ficar sapateando em cima para seu deleite, não importando a desgraça do povo sucumbindo pelo coronavírus.

O povo não está satisfeito com certas ações ou, mais precisamente, com a falta delas só porque uma prefeita se acha autossuficiente. As eleições daqui para frente serão outras. Os tempos serão outros depois dessa pandemia. Anotem isso!

*Colunista

P.S.: Artigo publicado originalmente no Portal Roraima 1, no dia 06.07.2020 (veja aqui)

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