Grupo de Jucá não quer admitir que os tempos mudaram e usa tática do vitimismo

 Romero Jucá e Teresa Surita: postagem de vitimismo e surpreendente número no Facebook (Fotos: Divulgação)


A prefeita Teresa Surita e o seu mentor e mestre, o ex-senador Romero Jucá (ambos do MDB), combinaram de fazer uma live (transmissão ao vivo) sobre os 130 anos de Boa Vista. Okay, Teresa é a prefeita e era sua obrigação falar com os boa-vistenses. Jucá, não. Ele apenas se coloca como prefeito ad hoc, já que representa apenas a si mesmo. Ainda assim, tem todo o direito de expressar sua opinião.

Teresa e Jucá também combinaram de alarmar que seriam atacados por supostos adversários políticos durante suas transmissões. Jucá foi mais específico em nomear quem ele elegeu como seu algoz. Teresa optou por repostar a mensagem usada para alimentar a intriga política. Mas ambos sempre usaram a tática de se fazerem de vítima para se colocarem como perseguidos politicamente.

Teresa não só aprendeu a lição como tem o vitimismo como seu esporte preferido dentro de sua bolha virtual, o Twitter. Mas a prefeita parece não ter memória muito boa, pois, não faz muito tempo, ela e seu mentor e mestre tinham uma milícia de fakes (na época nem existia o termo fake news) para defendê-los de críticas nas redes sociais e atacarem seus adversários políticos.

Os milicianos virtuais desapareceram, porque estava muito na vista ter um monte de perfis fakes os defendendo. Bastava acessar um deles para logo perceber que era falso, sempre alguém de outro Estado, fotos bem produzidas, provavelmente roubadas de alguém, sem vida social ou mesmo sem postagens. Hoje restaram alguns meliantes virtuais que se prezam a esse papel.

Desse período de milicianos e meliantes virtuais, restou o perfil de Teresa Surita no Facebook, o qual foi turbinado nos números. Os números fakes apontam mais de um milhão e duzentos mil seguidores do perfil da prefeita de uma cidade que ainda nem chegou a meio milhão de habitantes. Isso mesmo: 1.286.707 seguidores, para ser bem preciso. É uma pop star criada por esses programas que turbinam perfis, especialmente de quem quer iniciar uma vida de blogueira ou blogueiro.

Mas isso é só para lembrar o que foi esquecido por Teresa e Jucá. O que eles não querem admitir é que os tempos são outros, embora eles tenham abandonado seu exército fake. Porque as pessoas passaram a ter acesso à internet e podem formular suas próprias opiniões, podem produzir seus próprios conteúdos, sem precisar de intermediários.

É isso o que incomoda os políticos. Agora as pessoas vão lá e fazem seus comentários, protestam, xingam, odeiam (haters), fustigam, desafiam e mostram a cara. É tática de Teresa e seu mentor e mestre Jucá alegarem uma grande conspiração política contra eles. Porque isso sempre funcionou no passado (no passado!), quando cada grupo político tinha o seu jornal, a sua rádio e sua TV, enquanto ao povo sequer havia internet para emitir sua opinião e dizer o que achava disso tudo.

Jucá já sabe no que deu. Ele perdeu as eleições recentemente quando as redes sociais passaram a ser um território livre e a imprensa tradicional estava começando a sangrar, acusando o golpe da internet. Pagar espaço na imprensa local não é mais garantia de supremacia política.

Jucá agora não pode mais fazer como agia no passado, comprando todas as edições da revista Veja, para que não chegassem às bancas, mandando desligar a energia da cidade para não passar  denúncias no Jornal Nacional, impedindo ou comprando divulgações na imprensa local ou criando suas próprias versões em seus veículos de comunicação, que eram soberanos.

Sim, restam alguns meliantes virtuais, pagos para atacar adversários políticos. Mas convenhamos admitir que eles estão em todos os grupos políticos. No primeiro vento mais forte eles podem mudar de opinião. Faz parte do jogo político, excetuando a falta de ética, que é reprovável. Mas o jogo político é para ser jogado. Se fazer de vítima também é um jogo, mas não funciona mais.

Teresa tem seus feitos, e Jucá também. Assim como os outros políticos que estão em cena. A grande diferença agora é que o grupo de Teresa e Jucá nunca passaram por um monitoramento rigoroso por parte da opinião pública. Por vários motivos: porque eles comandavam um grupo poderoso de comunicação; porque eles sempre usaram a Justiça para fustigar quem os criticavam ou denunciavam; porque sempre se livraram dos braços pesados da Justiça e das ações do Ministério Público.

Agora não. Hoje existem as redes sociais para as pessoas tomarem suas próprias ações e exercerem suas opiniões. Teresa e Jucá temem isso. Jucá já sabe porque foi degolado nas eleições passadas. E a pandemia que ora nos fustiga veio trazer uma nova realidade. Fazerem-se de vítima não cola mais. Os ventos das mudanças estão soprando. Os dias de quem não entende essas transformações estão em contagem regressiva.

*Colunista

 P.S.: Artigo publicado originalmente no Portal Roraima1, no dia 10.07.2020 (veja aqui)

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