Lunáticos do turismo


Jessé Souza*


Desde quando decidi publicar em vídeos e fotos algumas de minhas aventuras pelo interior do Estado, comecei a conhecer algumas pessoas que trabalham com turismo em Roraima, na cara e na coragem. Sem apoio governamental, elas caminham como podem, às vezes sozinhas, outras vezes juntas com outros sonhadores ou mesmo somente com a família.

Enquanto isso, os governantes não querem sequer se comprometer em construir o mínimo de estrutura, como a manutenção de uma estrada ou a construção de pontos de apoio nos lugares turísticos ao menos para garantir um banheiro público, por exemplo.

Na outra ponta, estão os endinheirados de Roraima, que se mandam para bem longe a cada feriado ou fim de semana, indo gastar seu rico dinheiro em outros estados ou mesmo no exterior. E vão embora porque realmente faltam opções (já que não há investimento) ou porque desconhecem o que temos aqui (ou fazem questão de desconhecer mesmo).

No meio desses endinheirados estão os políticos, que não estão nem aí para aprovar emendas no Orçamento destinadas a asfaltar estradas que dão acesso a pequenos empreendimentos turísticos, estes que trabalham contra todos os tipos de adversidades, embora estejam dando uma contribuição muita grande para preservar a natureza, geração de emprego onde a pata do boi é inviável e atrair pessoas de fora para gastar dinheiro aqui.

Os empreendedores do turismo não estão buscando lucro fácil e rápido. Investem o dinheiro que deveria estar sendo guardado para a aposentadoria, enquanto os grandes empresários ou políticos buscam financiamentos milionários que não são investidos e nunca são pagos, dando um calote nos cofres públicos, rombo este que é pago pelo contribuinte.

Nos gabinetes governamentais, esses sonhadores do turismo são tratados como “lunáticos”, pois as autoridades não entendem quando eles pedem o asfaltamento de uma estrada que não vai dar acesso a nenhuma fazenda de gado, nenhuma lavoura de arroz ou à casa de campo de uma autoridade de primeiro escalão.

Ou são zombados quando querem apenas que o governo conserte uma ponte ou instale uma placa de sinalização turística. Ou espezinhados quando falam que querem (e imploram) que o governo assuma somente uma rota turística para que seja cuidada com o mínimo de infraestrutura para receber turistas.

Enquanto isso, o asfalto vai somente para quem tem algo a dar em troca (porcentagem ou apoio eleitoral) e os empréstimos para os influentes que vão pegar o dinheiro público para não dar retorno algum, pois geralmente esses tipos de financiamentos são desviados para a corrupção. É lamentável como o pequeno empreendedor de turismo é tratado em Roraima. E quem se importa com isso? E-mails para a Redação...

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 

*Jornalista
jesseroraima@hotmail.com

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