Com o diabo em Brasília

Jessé Souza*

As últimas máscaras estão caindo, em nível nacional. Os grandes esquemas que abalaram a República começam a enlamear a política roraimense. Mas, pelo que vem acontecendo nos últimos dias, existe uma corrente política que tenta, de todas as formas, jogar a culpa exclusivamente em uma única figura ou um único partido.

Pelo que se desenha, esta “corrente do impeachment” visava matar dois coelhos com uma cajadada só: achar um culpado por tudo o que está acontecendo no Brasil, colocando a presidente Dilma Rousseff (PT) fora; e colocar o país nas mãos definitivamente do PMDB, que agora está sendo apontado como um dos beneficiados não apenas no caso do petrolão, mas da “propina atômica”.

Infelizmente, o PT se perdeu no poder como todos os outros, com suas figuras envolvidas nos principais esquemas de corrupção, traindo a confiança do povo. Porém, a bandalheira foi geral, inclusive com a participação de vários partidos, a exemplo do PMDB, que faz parte do governo de coalizão que aí está.

É o mesmo PMDB que apresenta forças em Roraima, a cada pleito, e tem enviado para Brasília um de seus representantes como uma liderança política influente, que conhece os meandros do Congresso. Pelo que desenrola na Operação Lava Jato, a lama que escorre da Petrobrás também respinga em Roraima, com dinheiro sujo bancando campanhas eleitorais milionárias.

O fato que se clareia cada vez mais é que não adianta colocar a presidente para fora, a demonizando como se fosse culpada por tudo e inventora da corrupção, se nós, aqui embaixo, somos os responsáveis por mandar para Brasília os principais corruptos e corruptores da Nação.

Pedir impeachment, mas continuar votando nas mesmas ratazanas não há sentido algum e nem contribui para fazer a faxina moral que o Brasil precisa. As instituições sérias desse país estão cumprindo seu papel de investigar a bandalheira. E os seus trabalhos na Operação Lava Jato estão mostrando que o problema não é tão somente de cima para baixa, mas debaixo para cima também.

Então, antes de colocar a camisa verde e amarela da Copa do Mundo passada para pedir impeachment na Praça do Centro Cívico, é preciso avaliar o nosso voto depositado aqui, no Estado, o qual tem enviado para Brasília aqueles que ajudaram a levar o Brasil para o buraco.

A desratização precisa começar por baixo, para que se possa consertar o País de maneira correta e eficaz lá em cima. Política não é torcida de futebol que, para justificar o fracasso do time, pede a saída do técnico apontado como único culpado. Antes de tudo, é preciso consertar o erro de quem vota e de quem envia os ratos que vão para Brasília com o diabo ter – como diria Legião Urbana.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

jesseroraima@hotmail.com









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