Conexão do fim

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Jessé Souza*

O caso do jovem Flávio Araújo, cujos restos mortais foram encontrados ontem, é apenas um exemplo da extensão do problema das drogas em Roraima. Os acusados no crime tinham envolvimento com o tráfico de drogas em Boa Vista, mais precisamente no bairro Raiar do Sol, e também na sede do Município de Mucajaí.

Essa conexão só foi descoberta graças à atuação da Polícia Militar de Caracaraí, que enfrenta sérios problemas na segurança pública por causa do avanço do tráfico naquele município. E a realidade de lá é muito semelhante a dos demais municípios do interior de Roraima, infestados pelas drogas, que destroem vidas, desestruturam famílias e instalam a insegurança à sociedade.

No meio disso tudo estão as polícias, com destaque para a PM, que é a responsável pelas rondas ostensivas, ou seja, a que tem o primeiro contato com a violência e os problemas sociais provocados pelo uso e venda de drogas em qualquer lugar onde os traficantes agem.

Como foi comentado anteriormente, o tráfico de drogas na área conhecida como Beiral, no Centro de Boa Vista, é apenas um vergonhoso caso por causa da audácia dos traficantes e da incompetência do poder público que nunca conseguiu eliminar o tráfico naquela minúscula área a poucos metros do centro do poder político, na Praça do Centro Cívico.

Mas os problemas são mais graves nos bairros da Capital e nas sedes dos municípios do interior, onde jovens e adolescentes não apenas atuam como “aviões do tráfico” como também já comandam bocas de fumo. Atuar no tráfico é apenas uma face desses jovens, pois eles também estão envolvidos em outros crimes, como furtos, assaltos e assassinatos como o do assistente social Flávio Araújo.

Se os pais e mães não estiverem atentos para seus filhos desde cedo, eles podem sucumbir às drogas a qualquer momento e, não tardará, também poderão estar envolvidos em crimes ou sendo vítima deles, principalmente se estiverem em companhias não recomendadas ou mesmo com amizade com aqueles que já se entregaram para o tráfico.

Para conseguir dinheiro para as drogas, esses projetos de traficantes não medem consequências para conseguir um celular, uma bicicleta, uma moto ou um carro. Isso significa dizer que qualquer um de nós, por um descuido, podemos ser alvo do crime.

Mais que polícia na rua combatendo e investigando crimes, estamos necessitando de ações conjuntas na sociedade para enfrentar a questão das drogas, nas escolas, nas igrejas, nas entidades, em casa ou seja onde houver gente reunida. Roraima está perdendo essa batalha e os governos não vão conseguir enfrentar esse problema se tratarem a questão como apenas caso de polícia.  

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 

*Jornalista

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