Heróis e buraco


Já estamos no fundo do poço há um certo tempo. Não apenas pela corrupção dos grandes, mas também pela ação corruptiva dos pequenos que, se não venderam seu voto, ficam acreditando na mentira de que um nome será a solução para o Estado de Roraima. Achavam que era Ottomar Pinto, que morreu no exercício do cargo de governador e não deixou herdeiros políticos.

Muito pelo contrário. Ottomar nos deixou um “herdeiro” que se mostrou uma bomba ambulante, que explodiu em nossas mãos e destruiu o que já vinha definhando no Estado por alguns anos, desde a implantação do assistencialismo.  Ali foi o limiar do que éramos no passado e do que nos tornamos hoje.

E o povo continuou acreditando em um nome, em uma imagem, em um herói. Sempre foi assim: quando não apostou em um herói do grupo que simpatiza, cultivou um herói na suposta oposição. Porém, não existe oposição em Roraima. Não temos uma esquerda de verdade. Existem apenas grupos com os mesmos interesses brigando pelo poder.

Essa mania de escolher um herói sempre levou o Estado para um caminho perigoso, pois o “herói da vez” acaba privilegiando seu grupo e não há um projeto de governo, um plano para tornar Roraima uma terra livre dos entraves que impedem nosso crescimento e principalmente inexiste uma auditoria das contas a fim de saber para onde está indo o dinheiro público.

Mas quem quer auditoria? Quem seria o louco de abrir a “caixa-preta” para implodir todos os grupos juntos, sem restar nenhum? Como querer que devolvam o dinheiro subtraído se o próprio Estado nem deve saber quem pegou e quanto pegou?

Roraima só iria sair desse buraco se houvesse uma grande mobilização de todas as forças, incluindo movimentos sociais, sindicatos, entidades de classe, forças políticas de todas as matizes, bem como aqueles interessados em mudar o curso dessa história de “herói e anti-herói”, “situação e oposição”, “meu grupo e seu grupo”.

Não há heróis nessa forma de fazer política. E a vítima sempre será o povo, que paga o imposto que irá encher os cofres públicos esvaziados pelos seguidos esquemas. É por isso que os grupos brigam pelo poder em um Estado falido, porque os cofres esvaziam, mas logo estarão cheios de novo com o dinheiro dos impostos e repasses de recursos federais.

As pessoas precisam entender que não pode mais haver lado, torcida, adversários, a favor ou contra. Existe um Estado quebrado e um país devastado. Então, somente a união de todos, por um projeto de verdade, pode nos tirar desse buraco. Senão, vamos continuar entregando Roraima para o “herói da vez”...

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista

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