Cabeça na bandeja


Não há dúvidas de que é necessário arrumar a casa e tomar medidas drásticas para que o Brasil volte aos trilhos. E a PEC 241 surgiu com esta proposta de ser a “luz no fim do túnel” nesses tempos de severa crise. Porém, o que os defensores do texto da Proposta de Emeda à Constituição da forma que foi aprovada na Câmara não querem enxergar é que apenas o povo será penalizado, como se a vida dos mais pobres já não fosse difícil.

Não haverá o mínimo de sacrifício de quem já é milionário e vive com privilégios, a exemplo de parlamentares, magistrados, promotores e os mais ricos que têm dinheiro guardado no exterior. Pelo contrário, os banqueiros serão os mais beneficiados com pagamento de juros na casa dos bilhões.

A “PEC da Morte”, como vem sendo chamada, congelará até 2036 todos os gastos na saúde e na educação (como se já não fossem ínfimos), além de mexer na Previdência e no serviço público, com previsões sombrias para o mais os pobres, os assalariados, mulheres, idosos e a juventude, tudo para preservar os já privilegiados mais ricos.

É necessário frisar para deixar bem claro: a questão não é ficar contra a aprovação da PEC 241. O fato é não aceitar que somente os pobres paguem pelo rombo que foi feito no Brasil, principalmente pelos desmandos dos políticos e pela corrupção enraizada ao longo de todos os governos. 

O povo já vem pagando com a falência dos serviços públicos essenciais, como saúde, educação e segurança; e vai pagar mais caro ainda se esta PEC for aprovada do jeito que passou pela Câmara Federal, sem que a elite também sinta o “corte na carne”, ficando livre para continuar festejando e sambando na cara do povo.

Vamos às contas. Considerando apenas os salários e benefícios dos 513 deputados, sem contar os demais gastos da Câmara, é consumido cerca de R$1 bilhão por ano, isso utilizando os valores de 2016, já que eles mesmos aprovam aumentos e benefícios.  Isso só para calcular o gasto dos que aprovaram a PEC na Câmara. Não está sendo considerado o Senado, para onde a proposta irá para análise e votação.

O Judiciário também é o mais caro do mundo. Em 2014, o sistema consumiu R$68,4 bilhões em verbas públicas, o equivalente a 1,2% das riquezas produzidas pelo país no período. Isso incluindo as repartições federais, estaduais, trabalhistas, eleitorais e militares, sem levar em conta o Supremo Tribunal Federal (STF), que tem R$577 milhões de orçamento.

Se incluir presidente, ministros, promotores, procuradores e outras autoridades da elite, iremos chegar a números estratosféricos que são bancados pelos cofres públicos. Mas nenhum deles sofrerá qualquer tipo de corte. É isso o que os defensores da PEC 241 não querem enxergar. Vão cortar o pescoço do povo e servir a cabeça no banquete. É a “PEC da Morte”.

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista 

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