Fator Trump

Imagem: Divulgação/Google

Não faz muito tempo, a sociedade roraimense cultuou um ódio muito grande pelos indígenas, alimentado principalmente por políticos que se beneficiavam desse racismo com o discurso de suposto desenvolvimento e em defesa daqueles grandes produtores que chegavam achando que por aqui era uma terra sem porteira e de “muro baixo”, como diziam.

Não se tratava de um comportamento de gente desfavorecida intelectualmente nem de baixa escolaridade. Esse ódio estava na universidade, nos discursos políticos, nos clubes, em sociedades ditas secretas e seculares, na mídia e por onde havia gente que acreditava nesse discurso de uma nota só.

Os preconceituosos e racistas nunca tiveram medo de se esconder, pois havia um consenso burro de que era isso mesmo, de que o índio era o responsável por toda a desgraça desta terra. E os estrangeiros que  defendiam os povos indígenas eram atacados da mesma forma, numa xenofobia sem precedentes. Mas, aos poucos, fomos descobrindo que esse não era um comportamento local, de uma sociedade insuflada no isolado Norte do Brasil. 

Com a chegada das redes sociais, percebeu-se que o ódio e o preconceito eram um comportamento de muitos, exibido online contra outras parcelas da sociedade, como o negro, o homossexual, a mulher que insistia não se submeter ao machismo, ao feio, ao gordo... enfim, tudo que uma maioria elege como não digna de fazer parte dos “eleitos”.

Mais recentemente, também eclodiu outro comportamento que foi alimentado ainda na chamada a Guerra Fria: o do medo de “comunista”, que poderia ser qualquer pessoa que exercia seu senso crítico contra o que era estabelecido pelos “eleitos”, principalmente aquelas pessoas de movimentos sociais, de partidos de esquerda e defensores dos excluídos. 

Esse ódio chegou a um nível tal que foram às ruas para tirar uma presidente só pelo fato de ser do PT, partido eleito como símbolo único da corrupção no Brasil, como se ele sozinho fosse a desgraça e o grande mal do Brasil. 
Um esquema bem montado por uma elite política que de tudo está fazendo não apenas para se manter no poder, mas para se livrar das garras da Justiça.

Porém, quando achávamos que seria um comportamento local, do Brasil, surgiu o “fator Trump”, no país mais importante do mundo, os Estados Unidos da América. Com discurso abertamente racista, xenófobo e preconceituoso, o candidato a presidente dos EUA, Donald Trump, resume todo o ódio de uma parcela do mundo expressada no país ainda considerado como o mais democrático, desenvolvido e culto.

Não se trata apenas de uma pequena parcela dos norte-americanos. Metade dos EUA apoia Trump, mostrando que o mundo corre perigo. A humanidade está envenenada e doente. Essa onda de ódio invade o mundo e já atingiu a Europa tendo como vítima os refugiados. Estamos próximos do fim. Parece não haver mais saída para a Humanidade... 

P.S.: Artigo publicado originalmente na Folha de Boa Vista


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